A Rússia terá espalhado cereais ucranianos numa estrada à saída de Mariupol, cidade portuária que, este domingo, contou com a presença do presidente russo, Vladimir Putin, para uma “visita de trabalho”.
O caso foi denunciado no sábado, por Petro Andriushchenko, conselheiro do autarca da cidade ocupada, que publicou um vídeo de veículos a passar por cima das “vinte toneladas” de trigo ucraniano.
“Saída de Mariupol para Novoazovsk no distrito de Sopino. Vinte toneladas de trigo ucraniano foram espalhadas no asfalto”, escreveu, na rede social Telegram.
O responsável atirou, depois, farpas a Moscovo, que “chorará sobre ‘a fome no mundo’”.
“Pergunto-me quem provocou a fome no mundo?”, atirou.
As imagens, às quais poderá aceder na galeria acima, foram partilhadas este domingo pelo conselheiro do Ministério dos Assuntos Internos da Ucrânia, Anton Gerashchenko, que apontou que a “Rússia continua a sua política de terrorismo alimentar”.
De notar que o chefe de Estado russo visitou Mariupol este domingo, que o Kremlin classificou como visita "de trabalho", e que foi, aparentemente, decidida de forma espontânea, depois da sua visita no sábado à Crimeia, coincidindo com o aniversário de anexação daquela península, em 2014.
Putin chegou de helicóptero naquela que foi a sua primeira viagem ao Donbass, tendo sido visto a conduzir um carro, percorrendo vários bairros da cidade, acompanhado pelo vice-primeiro-ministro, Marat Jusnulin.
As imagens mostram também Putin a visitar unidades habitacionais recentemente construídas, com um parque infantil no centro, e a falar com um grupo de cidadãos, aparentemente residentes locais.
Recorde-se ainda que a Rússia desmentiu Kyiv quando à extensão do acordo de exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro por 120 dias, tendo a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, esclarecido que o país concordou no prolongamento por apenas 60 dias.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.231 civis desde o início da guerra e 13.734 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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