O partido de Machar, o Movimento Popular de Libertação do Sudão, na oposição (SPLM-IO, na sigla inglesa), criticou na semana passada a decisão do Presidente Kiir de nomear um membro do seu partido como novo ministro da defesa, em substituição de Angelina Teny, que é também esposa do antigo líder rebelde, considerando que houve uma "flagrante violação do acordo de paz".
Machar transmitiu por carta aos países da IGAD e a outros atores que mediaram o acordo de paz de 2018 que o presidente "perturbou inesperadamente as negociações" sobre este ponto através da nomeação de Chol Thon Balok como novo ministro da defesa.
"Dada esta situação, apelo à intervenção da IGAD para resolver estas graves violações, que põem em perigo o acordo de paz", disse o líder do SPLM-IO à Radio Tamazuj, citada pela agência espanhola de notícias, a Efe.
Kiir anunciou na quinta-feira a nomeação de Chol Thon Balok como ministro da defesa, em substituição de Teny, que foi demitida a 3 de março quando foi nomeada ministra do Interior, numa acção que deu ao partido do presidente o ministério da defesa em troca do SPLM-IO.
O Sudão do Sul tem um governo de unidade que surgiu após a concretização do acordo de 2018. Kiir garantiu a 22 de março que o governo de unidade acordado após o acordo de paz de 2018 está pronto para organizar eleições e que não haverá "mais prorrogações" do mandato do governo, após vários prolongamentos devido a problemas na implementação de várias cláusulas do pacto.
Apesar do declínio da violência devido ao conflito político, o país tem assistido a um aumento dos confrontos intercomunitários, motivado principalmente por roubos de gado e disputas entre pastores e agricultores nas áreas mais férteis do país, especialmente devido ao aumento da desertificação e deslocação das populações.
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