Os vários casos de envenenamentos em escolas femininas -- no sábado registaram-se mais 60 casos em cinco escolas, depois de milhares de situações por todo o país -- desencadearam protestos hoje na cidade de Saqez, havendo registo de confrontos entre a população e a polícia.
"Estão a ocorrer confrontos entre a população e as forças governamentais na cidade", relatou Hengaw, uma organização não-governamental curda-iraniana com sede em Oslo, citada pela agência de notícias espanhola EFE.
Os ativistas partilharam vídeos nos meios de comunicação social de estradas bloqueadas e manifestantes no exterior das escolas gritando frases contra a República Islâmica em Saqez, no Curdistão iraniano, uma área que tem assistido a fortes protestos nos últimos meses.
Os protestantes gritaram "morte a Khamenei", uma referência ao líder supremo do regime religioso, e até retiraram bandeiras iranianas de um edifício, de acordo com vídeos virais.
Os ativistas também partilharam imagens de pais que transportavam as suas filhas depois de terem sofrido um ataque de gás na escola secundária.
Outras cidades como Isfahan e Sanandaj também sofreram hoje alegados ataques com gás, relataram grupos ativistas como 1500tasvir.
O Irão sofreu uma onda de intoxicações por gás que começou em finais de novembro na cidade sagrada de Qom e se multiplicou em fevereiro e março.
Após uma pausa durante as férias do Ano Novo persa, ou Noruz, os ataques de gás reapareceram nas escolas e liceus iranianos.
Segundo dados fornecidos em março pelo deputado Mohammad-Hassan Asafari, membro de uma comissão que investiga os envenenamentos, cerca de 5.000 alunas em 230 escolas em 25 províncias do Irão foram alegadamente afetadas.
O Governo iraniano prendeu mais de 100 pessoas por alegadamente serem responsáveis pelos envenenamentos, pelos quais responsabilizou os inimigos do país.
Os envenenamentos estão a causar novas tensões no país persa, com alguns pais a ligá-los aos protestos feministas dos últimos meses, que se tinham acalmado após uma forte repressão estatal.
As alunas participaram nestes protestos, retirando os seus véus, gritando "mulher, vida, liberdade" e fazendo gestos de desprezo aos retratos de Khamenei e do fundador da República Islâmica, Ayatollah Ruhollah Khamenei.
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