De visita à Somália, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) reafirmou as dificuldades que os países mais pobres e frágeis enfrentam devido às alterações climáticas, pedindo apoio "massivo" para ajudar a Somália a combater o impacto dos danos provocados por países mais desenvolvidos.
Em Mogadíscio, António Guterres esteve numa conferência de imprensa ao lado do presidente somali, Hassan Sheikh Mohamud, e vincou que a sua visita é de "solidariedade" para com a nação extremamente afetada pela fome.
"Estou aqui para soar o alarme para a necessidade de apoio internacional massivo, por causa das dificuldades humanitárias que o país enfrenta", disse Guterres, citado pela BBC, pedindo donativos à comunidade internacional para garantir a segurança alimentar da Somália.
Guterres salientou que "apesar da Somália não fazer praticamente qualquer contribuição para as alterações climáticas, os somalis estão entre as principais vítimas".
During the Holy Month of Ramadan, I always visit Muslim countries, fasting in solidarity & sharing an Iftar.
— António Guterres (@antonioguterres) April 11, 2023
Today, I am happy to continue this tradition in Somalia.
I thank President @HassanSMohamud for the warm welcome. pic.twitter.com/cvhLwnhfOX
A Somália, um país assolado por constantes conflitos armados, extremismo jihadista e piratas que perturbam o comércio naval, está também a atravessar uma das piores secas das últimas décadas registadas na região do Corno de África. Segundo a Programa Alimentar Mundial, mais de 6,5 milhões de somalis vivem sob insegurança alimentar, mais de 1,8 milhões de crianças com menos de cinco anos sofre de malnutrição e mais de 1,5 milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas para procurar alimento.
Isto ocorre pouco depois do término oficial do último período de fome, que matou 260 mil pessoas na década passada, a maioria crianças com menos de seis anos. A fome atual já levou à morte de 43 mil pessoas.
Para António Guterres, é fundamental o apoio do mundo mais desenvolvido a nível económico "para financiar urgentemente o plano de resposta humanitário de 2023, que está atualmente a 15%".
Na mesma conferência de imprensa, o presidente do país mostrou-se satisfeito com a visita do líder português, que encara como uma demonstração de apoio à democracia frágil da Somália. "Esta visita assegura que as Nações Unidas estão completamente comprometidas em apoiar os nossos planos para a construção do estado e para a estabilização do país", afirmou Hassan Sheikh Mohamud.
Leia Também: Chuvas torrenciais na Somália fazem pelo menos 23 mortos