Grupo paramilitar RSF nega ataque a embaixada europeia no Sudão
O poderoso grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) negou hoje ter atacado missões diplomáticas, entre elas a do embaixador europeu no Sudão, depois de acusações de um ataque à representação da diplomacia europeia em Cartum.
© Getty Imagens
Mundo Cartum
"Os golpistas e os grupos islâmicos terroristas levaram a cabo muitos crimes brutais contra cidadãos inocentes, incluindo o ataque injustificado contra as sedes das missões diplomáticas, como por exemplo a sede do embaixador da missão da União Europeia em Cartum", escreveram as RSF na sua conta oficial do Twitter, citada pela agência espanhola de notícias, a Efe.
Na segunda-feira à noite, o alto representante da União Europeia para os Assuntos Externos, Josep Borrell, tinha dito que o embaixador europeu no Sudão, Aidan O´Hara, foi "atacado na sua residência" e acrescentado que "a segurança das instalações e do pessoal diplomático é uma responsabilidade primordial das autoridades sudanesas e uma obrigação decorrente do direito internacional", vincando ainda que é "uma grave violação da Convenção de Viena".
Pouco depois disso, a missão da UE neste país africano indicou que não havia feridos a registar na sequência do ataque.
As declarações das RSF surgem depois de uma comitiva diplomática dos Estados Unidos no Sudão foi atacada na segunda-feira, mas ninguém ficou ferido, segundo anunciou o secretário de Estado norte-americano.
"Posso confirmar que uma comitiva diplomática norte-americana ficou sob fogo" no Sudão, na segunda-feira, disse hoje Anthony Blinken.
"Todo o nosso pessoal encontra-se são e salvo", mas este é um "ato irresponsável", acrescentou o responsável, no final de uma reunião de dois dias dos ministros dos Negócios Estrangeiros do Grupo dos sete países mais industrializados do mundo (G7) na cidade japonesa de Karuizawa.
Os confrontos entre o exército regular sudanês do general Abdel Fattah al-Burhane e as forças paramilitares do antigo aliado general Mohamed Hamdane Daglo, conhecido como "Hemedti", as RSF, já causaram pelo menos 185 mortos e 1.800 feridos, desde sábado, indicou a ONU.
O enviado da ONU Volker Perthes disse aos jornalistas que os dois lados estão a utilizar tanques, artilharia e outras armas pesadas em áreas densamente povoadas.
Também jatos de combate e fogo antiaéreo iluminam e disputam os céus, enquanto nas ruas de Cartum há corpos à espera de serem resgatados devido aos confrontos marcados por tiros e explosões.
Milhares de pessoas permanecem desde então nas suas casas ou em outros abrigos, com os mantimentos a esgotarem e vários hospitais a serem forçados a encerrar os serviços.
Face à tragédia em curso, diplomatas de diferentes países tentaram sem êxito negociar uma trégua, e o Conselho de Segurança da Nações Unidas foi convocado para discutir a crise.
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