"Falei com o general Abdel Fattah Al-Burhan [o chefe do exército sudanês] e com o general Mohamed Hamdan Dagalo [líder do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido] para lhes pedir um cessar-fogo imediato. Também insisti na necessidade de proteger os civis e garantir a retirada segura dos cidadãos europeus", disse Borrell.
Borrell congratulou-se com o facto de os funcionários da delegação da UE no país africano terem começado a ser retirados e agradeceu o apoio prestado pela diplomacia e pelo exército franceses.
"Aliviado por a delegação da UE no Sudão estar a ser retirada em segurança. Grato à diplomacia e ao exército de França por tornar isso possível, com a ajuda do Djibuti", disse o chefe da diplomacia europeia numa mensagem publicada na rede social Twitter.
O embaixador da UE "continua a trabalhar a partir do Sudão", esclareceu ainda Borrell, garantindo que os 27 do bloco comunitário continuam "empenhados em silenciar as armas e ajudar todos os civis que foram deixados para trás".
Relieved that @EU_Sudan is being safely evacuated from #Sudan.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) April 23, 2023
Grateful to @francediplo & @Armees_Gouv for making this possible, with #Djibouti help. EU Ambassador continues work from Sudan.
We remain committed to silencing the guns and helping all civilians who stayed behind.
Os confrontos entre o exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) no Sudão levaram muitos países a acelerar a retirada do seu pessoal diplomático e dos seus cidadãos naquele país.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês disse ter desencadeado uma "operação de evacuação rápida", acordada com as partes em conflito e com o resto dos parceiros e aliados europeus, que inclui cerca de 250 franceses e "cidadãos desses Estados e pessoal diplomático europeu".
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, anunciou hoje que "as forças armadas britânicas procederam a uma operação de retirada complexa e rápida do Sudão de diplomatas britânicos e das suas famílias, num contexto de escalada da violência e de ameaças ao pessoal da embaixada".
O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, precisou que o Reino Unido realizou esta operação "ao lado dos Estados Unidos, da França e de outros aliados", o que envolveu "mais de 1.200 pessoas" das forças armadas britânicas.
Também dois aviões da força aérea italiana descolaram hoje do Djibuti com destino à capital sudanesa, Cartum, para dar início a operações de retirada de 200 civis, incluindo 140 italianos, para fora do Sudão.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, tinha horas antes revelado que as forças armadas conduziram "uma operação para retirar de Cartum o pessoal da administração" dos Estados Unidos.
Outros países, como o Canadá, a Grécia, a Turquia e a Sérvia, entre outros, deram nota de que estavam a levar a cabo operações para retirar pessoal diplomático e cidadãos nacionais do Sudão.
O Governo português anunciou que o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Ministério da Defesa Nacional "estão a trabalhar em articulação, juntamente com outros países aliados, com vista à retirada, em segurança, dos cidadãos nacionais" e que "foram já contactados todos os cidadãos nacionais conhecidos no Sudão".
O Sudão entrou hoje na segunda semana de violentos combates, num conflito que opõe forças do general Abdel Fattah al-Burhane, líder de facto do país desde o golpe de 2021, e um seu ex-adjunto que se tornou um rival, o general Mohamed Hamdan Dagalo, que comanda as RSF.
O balanço provisório dos confrontos indica que há mais de 420 mortos e 3.700 feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
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