"Os três Estados bálticos convocaram os embaixadores chineses hoje para pedir esclarecimentos" sobre a posição da China, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, Gabrielius Landsbergis.
"[Queremos] lembrá-los de que não somos países pós-soviéticos, mas países que foram ocupados ilegalmente pela União Soviética (URSS)", declarou Landsbergis, à margem de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), no Luxemburgo.
Para Landsbergis, no caso dos países bálticos, Pequim repete a mesma narrativa utilizada pelos russos sobre a Ucrânia.
"Ouvimos isso de Moscovo e agora é replicado por outro país que é seu aliado político. [A China] questiona o conceito de independência e soberania, algo perigoso nos dias de hoje", declarou o ministro lituano.
Landsbergis apelou à solidariedade aos parceiros europeus e pediu que ajudem "da forma que puderem", seja convocando os embaixadores chineses, rejeitando as declarações ou pedindo explicações à China.
Entretanto, a China já veio hoje garantir que respeita o "estatuto de Estado soberano" dos países da ex-URSS, após as declarações controversas do embaixador chinês em França.
"A China respeita o estatuto de Estado soberano das Repúblicas" nascidas após a dissolução da União Soviética, afirmou aos jornalistas a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning.
"A China respeita a soberania, independência e integridade territorial de todos os países e apoia os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas (...). Após o colapso da União Soviética, a China foi um dos primeiros países a estabelecer relações diplomáticas com países em questão", declarou a porta-voz chinesa.
Segundo Mao Ming, "desde o estabelecimento dos laços diplomáticos, a China sempre aderiu ao princípio de respeito mútuo e igualdade para desenvolver relações bilaterais de amizade e cooperação".
O embaixador da China em França, Lu Shaye, provocou protestos da Ucrânia e dos Estados bálticos por defender que os países pós-soviéticos não têm "estatuto efetivo" ao abrigo do Direito Internacional, numa entrevista divulgada no sábado.
Numa entrevista à cadeia TF1, o diplomata chinês defendeu que "não há nenhum acordo internacional que materialize o seu estatuto de países soberanos" e não conseguiu dar uma resposta concreta quando questionado se "a Crimeia [península anexada pela Rússia em 2014] faz parte da Ucrânia".
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