Em comunicado, o exército descreveu "numerosas violações cometidas pelos rebeldes", incluindo "bombardeamentos de artilharia indiscriminados", "disparos de atiradores furtivos" e o envio de "colunas militares" das suas áreas de influência, nas regiões ocidentais "do Darfur e do Cordofão para reforçar as suas tropas em Cartum".
Na nota que divulgou, o exército acusa igualmente as RSF de "roubar um grande número de veículos de distribuição de alimentos para os utilizar no transporte de munições, o que os torna alvos militares e põe em perigo os bens dos cidadãos".
Por seu lado, as RSF acusaram o exército, também em comunicado, de "atacar com artilharia e aviões de combate" as suas posições no norte e noroeste de Cartum, onde se situam o Palácio da República, o aeroporto e outras instituições vitais, por cujo controlo ambas as partes se têm batido desde o início dos combates.
Os comunicados do exército e das RSF não se referem a baixas ou combates, e explicam as explosões que se têm ouvido esporadicamente desde terça-feira no norte e oeste de Cartum, quebrando ocasionalmente a calma tensa que prevalece na capital desde que a pausa entrou em vigor às 22:00 locais (21:00 em Lisboa) de segunda-feira.
Os confrontos começaram no passado dia 15 entre as forças armadas, comandadas pelo líder de facto do país desde o golpe de Estado de outubro de 2021, o general Abdel Fattah al-Burhan, e as RSF, chefiadas pelo general Mohamed Hamdane Daglo, conhecido como "Hemedti", que orquestrou em conjunto o golpe de 2021, mas que se tornou inimigo.
Em causa está o fracasso das negociações para a integração dos paramilitares nas forças armadas, no âmbito de um processo de transição política no Sudão, que já causou a morte de mais de 400 pessoas e ferindo mais de 4.000 civis, segundo as instituições locais e internacionais.
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