Paquistão e talibãs concordam em aumentar o comércio e reduzir tensões

O Paquistão e o governo talibã do Afeganistão anunciaram hoje um acordo para impulsionar o comércio e reduzir as tensões ao longo da fronteira, numa fase de aumento de ataques de militantes contra as forças de segurança.

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© JOHN MACDOUGALL/AFP via Getty Images

Lusa
08/05/2023 18:23 ‧ 08/05/2023 por Lusa

Mundo

Afeganistão

O ministro dos Negócios Estrangeiros paquistanês, Bilawal Bhutto Zardari, e o homólogo afegão, Amir Khan Muttaqi, concluíram o acordo no domingo em Islamabade, segundo o governo do Paquistão. 

O acordo tem por objetivo melhorar o comércio bilateral, combater o terrorismo e reforçar as relações bilaterais.

Os meios de comunicação social locais informaram que Muttaqi instou hoje as autoridades paquistanesas a considerarem a possibilidade de manter conversações com os talibãs paquistaneses, apoiados por Cabul, mas Islamabade ainda não deu qualquer resposta ao pedido.

No entanto, anteriores conversações organizadas pelos talibãs afegãos em Cabul revelaram-se sempre inúteis. 

Desde então, o Paquistão tem afirmado que não haverá conversações com os militantes extremistas conhecidos como Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP).

O Paquistão manifestou recentemente preocupação com o aumento dos ataques do TTP e exigiu aos talibãs em Cabul que fizessem mais para controlar um grupo que tem intensificado os ataques contra as forças de segurança paquistanesas nos últimos meses.

No final de uma mini-cimeira entre a China, Afeganistão e Paquistão, promovida por Islamabade, o Ministério dos Negócios Estrangeiros paquistanês emitiu hoje uma declaração conjunta em que as três partes sublinharam a necessidade de impedir que qualquer indivíduo, grupo ou partido utilize o seu território para prejudicar e ameaçar a segurança e os interesses regionais ou conduzir ações e atividades terroristas. 

Entre estes contam-se os talibãs paquistaneses e o grupo militante de etnia uigur, denominado Movimento Islâmico do Turquestão Oriental.

Os três lados sublinharam também a necessidade de se absterem de intervir nos assuntos internos do Afeganistão e de promoverem a paz, a estabilidade e a reconstrução do país. 

Os diplomatas das três nações concordaram em "aprofundar e expandir" a cooperação nos domínios da segurança, desenvolvimento e política.

Antes, Zardari e Muttaqi também mantiveram conversações com o chefe da diplomacia chinesa, Qin Gang, o que representa uma mudança em relação aos últimos anos, em que este tipo de diálogo esteve suspenso.

Segundo analistas citados pela agência noticiosa Associated Press (AP), a China está a expandir a sua influência na região, uma vez que tem desempenhado um papel importante noutro tema 'quente', o reatamento das relações diplomáticas entre a Arábia Saudita e o Irão.

No Paquistão, Pequim está a financiar o chamado Corredor Económico Sino-Paquoestanês (CPEC), um vasto pacote que inclui projectos como a construção de estradas e centrais elétricas e o aumento da produção agrícola.

O pacote é considerado uma tábua de salvação para o Paquistão, que enfrenta atualmente uma das piores crises económicas, num contexto de impasse nas conversações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um plano de resgate.

As relações entre o Paquistão e os talibãs afegãos têm registado diversos momentos de tensão no último ano.

Em fevereiro passado, as duas partes encerraram o principal posto fronteiriço afegão-paquistanês de Torkham, retendo pessoas e camiões que transportavam alimentos e artigos essenciais. 

Depois de uma delegação paquistanesa se ter deslocado a Cabul para dialogar sobre a crise, a fronteira foi reaberta ao fim de uma semana e a visita de Muttaqi a Islamabad foi planeada.

O regime talibã afegão tem sido evitado pela maior parte da comunidade internacional devido às medidas duras e restritivas que impôs no país desde que tomaram o poder, em agosto de 2021, quando as tropas dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) estavam ainda a retirar-se do país, após 20 anos de guerra.

Os talibãs afegãos proibiram a educação das raparigas para além do sexto ano e excluíram as mulheres da maioria dos empregos e da vida pública.

Leia Também: ONU pede aos talibãs o fim das execuções públicas no Afeganistão

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