"Temos de ser muito mais francos e muito mais explícitos" em relação à China, disse Chu em entrevista à Lusa em Lisboa, onde se deslocou para participar, na quinta-feira, num debate sobre democracia e o Estado de direito.
A Comissão Europeia apresentou aos Estados-membros da UE, na semana passada, um novo pacote de medidas restritivas contra a Rússia, o décimo primeiro, para evitar que Moscovo possa contornar as sanções já em vigor.
A proposta visa, pela primeira vez, oito empresas chinesas e de Hong Kong acusadas de reexportar mercadorias sensíveis para a Rússia, de acordo com um documento citado pela agência francesa AFP.
"O objetivo é evitar que as mercadorias proibidas de serem exportadas para a Rússia entrem no complexo militar russo", disse o porta-voz da Comissão, Eric Mamer, na segunda-feira.
A China não esperou pelos pormenores da proposta e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, advertiu que Pequim dará "a resposta necessária" a eventuais medidas da UE.
Samuel Chu congratulou-se que a UE tencione aplicar "sanções às empresas chinesas pelo papel que estão a desempenhar para a Rússia contornar as sanções", embora referindo não haver provas de que "estejam a fornecer armas de forma proativa".
"É o tipo de ações que considero muito importantes, porque demonstram que não vamos comprar a ideia de que a China é um pacificador credível quando está a sabotar ativamente a situação na Ucrânia", afirmou Chu, que preside à organização Campaign for Hong Kong (Campanha por Hong Kong), com sede nos Estados Unidos.
Para Chu, é perigoso levar a sério a China quando diz que "vai negociar a paz" entre russos e ucranianos, dada a atual "amizade incondicional" entre os regimes de Pequim e de Moscovo.
A China apresenta-se como um interlocutor neutro no conflito, apesar das relações próximas com Moscovo.
A UE impôs sanções à Rússia em resposta à guerra de agressão desencadeada contra a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, e à anexação ilegal das regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson.
As sanções acrescem às medidas impostas à Rússia desde 2014, na sequência da anexação da península da Crimeia e da não aplicação dos acordos de Minsk sobre o conflito separatista no leste da Ucrânia, apoiado por Moscovo.
Leia Também: "Temos de ter liberdade na China para que haja uma Hong Kong livre"