Cerca de 700.000 pessoas já foram deslocadas internamente, enquanto "muitas mais" permanecem "confinadas às suas casas", incapazes de cobrir as suas necessidades mais básicas, explicou hoje a porta-voz da agência, Olga Sarrado Mur.
Segundo a mesma fonte, a deslocação é complicada devido aos combates e é dispendiosa, dada a falta de combustível e o preço do mesmo.
As pessoas que atravessam a fronteira são de nacionalidade sudanesa, mas há também pessoas de outras nacionalidades, incluindo antigos refugiados que estão agora a regressar aos seus respetivos países, especialmente no caso do Sudão do Sul, referiu.
A resposta humanitária é "complicada e dispendiosa", uma vez que as pessoas que fogem da violência aterram em zonas remotas com poucas infraestruturas ou serviços, ou onde a população local já está a viver no limite, disse Sarrado Mur, advertindo que, com a chegada das chuvas, "a logística será ainda mais difícil, uma vez que muitas estradas ficarão intransitáveis".
Esta nova emergência exigirá um "financiamento significativo" - a ONU e os seus parceiros planeiam fornecer pormenores "nos próximos dias" - mas o ACNUR já observou que a resposta do setor privado tem sido "lenta" em comparação com outras emergências, "apesar da urgência e da gravidade da crise" no Sudão.
Este défice de financiamento é particularmente "crítico", dado que a resposta humanitária para o Sudão, o Chade, o Sudão do Sul e a Etiópia já estava fortemente subfinanciada. Dos pedidos do ACNUR para estes países, nenhum tem mais de 15% de cobertura.
A organização apela a "apoio financeiro imediato para todos os envolvidos na resposta, a fim de evitar uma catástrofe humanitária, evitar a sobrecarga de recursos e apoiar de forma digna as pessoas forçadas a fugir, bem como as comunidades que as acolhem".
O conflito está a decorrer há quase um mês no Sudão entre as tropas do exército e os paramilitares da Força de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
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