"Seja bem-vinda a República Árabe Síria à Liga dos Estados Árabes", disse o ministro das Finanças saudita, Mohammed al-Jadaan, na reunião do Conselho Económico e Social da Liga Árabe, que começou domingo em Jidá, em preparação da 32.ª cimeira da Liga Árabe, transmitida em direto pela televisão estatal al-Ekhbariya.
Trata-se da primeira vez que responsáveis sírios participam numa reunião da Liga Árabe desde novembro de 2011, altura em que a organização pan-árabe suspendeu o regime do Presidente Bashar al-Assad devido à violenta repressão dos protestos que se degeneraram num conflito que causou mais de 500.000 mortos e milhões de deslocados.
Num contexto regional de reaproximação diplomática, a Liga reintegrou o regime sírio a 7 deste mês. Três dias depois, a 10 de maio, o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salmane, convidou o Presidente sírio a participar na cimeira anual que se realiza sexta-feira naquela cidade costeira, junto ao Mar Vermelho.
Esta é, também, a primeira participação do presidente sírio desde 2010, quando a cimeira se realizou na Líbia.
As capitais regionais têm vindo a aproximar-se gradualmente de al-Assad, que tem mantido o poder e recuperado o território perdido com o apoio crucial do Irão e da Rússia, embora grandes áreas do norte da Síria continuem fora do controlo do Governo.
Em abril, diplomatas de nove países árabes discutiram a crise síria na Arábia Saudita e cinco ministros dos Negócios Estrangeiros da região, incluindo o da Síria, reuniram-se na Jordânia no início deste mês.
Os Emirados Árabes Unidos, que restabeleceram os laços com a Síria em 2018, têm estado muito ativos na reintegração de Damasco na Liga.
A atividade diplomática foi retomada com maior profundidade após o mortífero sismo que atingiu a Síria e a Turquia em 06 de fevereiro.
Na semana passada, Riade, que cortou relações com o governo sírio em 2012, confirmou que as missões diplomáticas na Síria e na Arábia Saudita iriam retomar o trabalho. Alguns países, porém, têm-se mostrado relutantes em renovar os laços com al-Assad, incluindo o Qatar, que se recusou a normalizar as relações com o Governo sírio.
Por outro lado, al-Assad foi convidado pelos Emirados Árabes Unidos (EAU) para a conferência da ONU sobre o clima (COP 28), organizada por Abu Dhabi,
Esta é também a primeira vez que al-Assad é convidado para uma cimeira internacional - que normalmente conta com a presença de vários chefes de Estado ocidentais - desde o início da guerra na Síria, em 2011.
Hoje, o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, defendeu que o regresso da Síria poderá reavivar "o princípio da solidariedade árabe", de acordo com uma declaração do seu adjunto, o "número dois" da organização, Hossam Zaki.
"Mas a atmosfera positiva [gerada pelo fim de alguns diferendos] não nos deve distrair da realidade a que a região árabe tem vindo a assistir há anos, nomeadamente a acumulação e sucessão de graves desafios", disse Aboul Gheit.
Entre eles, acrescentou, aludindo à guerra no Sudão, encontra-se "uma nova vaga" de migração, que já provocou a fuga de cerca de 200 mil pessoas e a deslocação de centenas de milhares de outras. O conflito deverá ser um dos principais tópicos de discussão na cimeira de sexta-feira.
O general Abdel Fattah al-Burhane, chefe do exército sudanês e um dos dois beligerantes no centro do conflito, foi convidado para a cimeira de chefes de Estado da Liga Árabe, mas não esclareceu quem irá representar o Sudão na reunião.
Representantes de al-Burhane e do seu opositor, o general Mohamed Hamdane Daglo, das Forças de Apoio Rápido (RSF), encontram-se em Jidá há mais de uma semana para conversações mediadas pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos.
Na reunião, e ao tomar a palavra, o ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Mohammad Samer al-Khalil, convidou os países árabes a investirem na Síria, "numa altura em que existem oportunidades promissoras e novas leis atrativas para o investimento".
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