"Hiroshima, como 'símbolo da memória', proclama com força que as armas nucleares não são adequadas para responder eficazmente às grandes ameaças atuais à paz e para garantir a segurança nacional e internacional", escreveu Francisco.
A mensagem consta de uma carta enviada pelo líder da Igreja Católica e chefe de Estado do Vaticano ao bispo de Hiroshima, Alexis-Mitsuru Shirahama, citada pela agência espanhola EFE.
Os líderes das sete democracias mais industrializadas do mundo estão reunidos, desde sexta-feira, na primeira cidade a ser destruída por uma bomba nuclear, no final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A guerra da Rússia contra a Ucrânia e as relações com a China destacam-se na agenda da cimeira do bloco formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, mais a União Europeia (UE).
O encontro conta também com a presença do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que chegou hoje a Hiroshima.
O Papa alertou para o "impacto humano e ambientalmente catastrófico" da utilização de armas nucleares, mas também para o "desperdício de recursos humanos e económicos envolvidos na sua produção".
"Não devemos subestimar os efeitos do persistente clima de medo e suspeição gerado pelo simples facto da sua posse [de armas nucleares], que ameaça o desenvolvimento de um clima de confiança mútua e de diálogo", afirmou.
Francisco, que visitou Hiroshima em 2019, considerou a escolha do local para a cimeira do G7 "particularmente significativa", dada a "ameaça contínua do uso de armas nucleares".
Durante essa visita, no Memorial da Paz, o Papa disse que o uso bélico da energia nuclear "é um crime não só contra o homem e a sua dignidade, mas contra toda a possibilidade de um futuro" numa casa comum.
"E homens e mulheres responsáveis olham agora para esse futuro com preocupação", escreveu Francisco na mensagem ao G7.
Essa preocupação aumentou especialmente "depois da experiência de uma pandemia global [covid-19] e da persistência de conflitos armados em diferentes regiões, incluindo a guerra devastadora que está a ser travada em solo ucraniano", disse.
Para o Papa, tornou-se cada vez mais evidente que, no mundo multipolar do século XXI, "a busca da paz está intimamente ligada à necessidade de segurança e à reflexão sobre os meios mais eficazes para a garantir".
A segurança global, defendeu, deve "abranger questões como o acesso aos alimentos e à água, o respeito pelo ambiente, os cuidados de saúde, as fontes de energia e a distribuição equitativa dos bens do mundo".
Na missiva, o Papa manifestou ainda o desejo de que a cimeira do G7 "se revele um teste a uma visão de longo alcance", lançando as bases de "uma paz duradoura e de uma segurança estável e sustentável".
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