"Não sonham tanto com mediações, porque o bloco ucraniano é realmente muito forte. A Europa toda, os Estados Unidos. Ou seja, eles têm uma força muito grande", argumentou Francisco numa entrevista, dias depois de ter recebido no Vaticano o Presidente Volodymyr Zelensky.
Após esse encontro, o Presidente ucraniano garantiu que não precisava de intermediários e pediu ao Papa para aderir à sua fórmula de paz, que inclui a retirada das tropas russas de todos os territórios.
Na altura, Francisco respondeu que "não era esse o tom da conversa" e esclareceu que o líder ucraniano lhe pediu "um favor muito grande", ou seja, que tratasse de cuidar das crianças que foram levadas para a Rússia, referindo-se à alegada deportação de milhares de jovens.
"Ele está muito magoado com esta situação e pediu colaboração para tentar conseguir que os meninos voltem para a Ucrânia", disse o Papa na entrevista hoje divulgada.
Questionado sobre se acha que a Rússia deve devolver os territórios ocupados, Francisco limitou-se a responder que se trata de "um problema político".
"A paz será alcançada no dia em que eles puderem conversar, seja os dois ou através de outros", defendeu o Papa.
Na semana passada, o Vaticano confirmou que o Papa delegou ao presidente dos bispos italianos, o cardeal Matteo Zuppi, a tarefa de mediar o conflito na Ucrânia, para conseguir um cessar-fogo.
Hoje, Moscovo disse apreciar os esforços do Vaticano para promover o fim do conflito na Ucrânia, mas sublinhou que desconhece os pormenores do plano de paz, bem como a possibilidade de uma deslocação à Ucrânia de um emissário do Vaticano, Matteo Bruni.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo disse desconhecer as intenções do Vaticano, mas reconheceu que aprecia os esforços do Papa Francisco para conseguir desbloquear o conflito na Ucrânia.
Em declarações à agência RIA Novosti, um alto funcionário da diplomacia russa disse que o seu Governo aprecia as tentativas do Vaticano "para contribuir para o fim do conflito na Ucrânia", dizendo ter tomado "boa nota do sincero desejo da Santa Sé em promover o processo de paz".
A diplomacia russa reiterou que, em todo o caso, "qualquer esforço nesse sentido só fará sentido se for tida em conta a conhecida posição de princípios da Rússia", ou seja, a Ucrânia aceitar "as novas realidades" quanto às anexações da Crimeia e de três outras regiões.
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