De acordo com a AP, Ousmane Sonko foi detido quando participava na caravana que devia acompanhá-lo desde a sua cidade natal até à capital, Dacar, nas vésperas de uma decisão judicial que vai determinar a sua possível participação nas eleições presidenciais, nas quais poderá defrontar o atual Presidente, Macky Sall.
Os confrontos entre as autoridades e os apoiantes, que procuravam chegar perto da residência mas enfrentaram a oposição da polícia, aconteceram depois de Soko ter anunciado uma "caravana da liberdade", que o deveria levar desde a sua terra natal, Ziguinchor, na qual é autarca, até à capital, Dacar, mas as autoridades acabaram por detê-lo e levá-lo a casa, alegando que estava a participar numa caravana ilegal.
Ousmane Sonko está a ser julgado por violação e ameaças de morte a uma jovem massagista, e enfrenta uma sentença que pode chegar a 10 anos de prisão, para além da impossibilidade de concorrer a eleições.
Os seus apoiantes rejeitam as acusações e dizem tratar-se de um ataque político com o objetivo de impedir Sonko de desafiar Maky Sall, que deverá concorrer a novo mandato nas próximas presidenciais.
Os protestos começaram a ficar cada vez mais violentos à medida que se aproxima a data eleitoral, e na semana passada uma pessoa morreu e várias ficaram feridas durante confrontos em Kolda, uma cidade no sul do Senegal.
Ousmane Sonko, líder do partido Pastef-les Patriotes, que ficou em terceiro lugar na eleição presidencial de 2019, não compareceu no tribunal durante o processo de violação, dizendo temer pela sua segurança e questionando a imparcialidade da justiça.
O dirigente da oposição sempre refutou as acusações e afirmou que as autoridades estavam a conspirar para o manter fora das eleições presidenciais.
Sonko está a pôr em risco a sua elegibilidade, já comprometida por uma pena suspensa de seis meses por difamação contra um ministro.
Em 2021, a sua detenção quando se deslocava numa comitiva para o tribunal para onde tinha sido convocado, numa altura em que o caso de alegada violação tinha acabado de eclodir, contribuiu para desencadear vários dias de tumultos que provocaram pelo menos 12 mortos.
Prevê-se que as tensões voltem a aumentar na quinta-feira, data agendada para a leitura do veredicto, sabendo-se que o Ministério Público senegalês pediu uma pena de 10 anos de cadeia.
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