Na semana passada, já tinha sido adiada, sem nova data, a intervenção do primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, no plenário de julho do Parlamento Europeu, em que apresentaria as prioridades da presidência espanhola do Conselho da União Europeia (UE), que Madrid assume em 01 de julho.
Espanha vai ter eleições legislativas gerais antecipadas em 23 de julho, convocadas pelo próprio Pedro Sánchez na sequência da derrota do Partido Socialista (PSOE), que lidera, nas regionais e municipais de 28 de maio.
A campanha eleitoral arrancará, formalmente, em 07 de julho, data para que estava inicialmente prevista a visita dos membros da Comissão Europeia (CE) a Espanha.
Esta visita foi antecipada hoje para 03 de julho, segundo revelou Sánchez, numa publicação nas redes sociais, em que afirma que a decisão foi tomada numa conversa que teve esta quinta-feira com a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen.
"Acordámos adiantar a visita do Colégio de Comissários para o próximo 03 de julho, em Madrid. Nela abordaremos as prioridades da Presidência espanhola e o trabalho em coordenação com a Comissão Europeia", escreveu Sánchez nas redes sociais.
Um porta-voz da presidente da CE, Eric Mamer, confirmou, também nas redes sociais, a antecipação da visita dos comissários.
Hoje foi também cancelada a visita a Madrid prevista para a semana que começa a 26 de junho da conferência dos presidentes do Parlamento Europeu (PE), composta pela presidente da instituição, Roberta Metsola, e pelos líderes dos grupos políticos.
Esta visita costuma marcar simbolicamente o arranque das presidências semestrais europeias e foi hoje suspensa, sem nova data, por proposta do Partido Popular Europeu, que invocou que Espanha está em período eleitoral, segundo noticiaram os meios de comunicação social espanhóis.
Nesta deslocação, os eurodeputados deveriam encontrar-se com membros do Governo, do Congresso e do Senado de Espanha, que foram dissolvidos na semana passada, com a antecipação das eleições.
Fontes do partido socialista espanhol citadas pelos meios de comunicação condenaram esta decisão do PE e argumentaram que estava em causa uma viagem com caráter institucional, mais do que político, e que os eurodeputados poderiam encontrar-se com o chefe de Estado de Espanha, o Rei Felipe VI, e com a comissão permanente do parlamento.
Esta semana, na segunda-feira, o primeiro-ministro espanhol garantiu que a presidência espanhola do Conselho da UE não será prejudicada pela antecipação das eleições legislativas.
"Os objetivos já estão definidos. Além disso, não são objetivos que estabelece apenas a presidência espanhola, são partilhados pelo resto dos Estados-membros e pela Comissão Europeia", afirmou Sánchez, em Madrid.
Entre esses objetivos estão, afirmou Sánchez, avanços nas negociações do pacto de imigração e asilo da UE e das novas regras fiscais e macroeconómicas para os Estados-membros, assim como o aprofundamento da designada "autonomia estratégica" da Europa, para diminuir a dependência de fornecedores externos, como a China.
Sánchez acrescentou que já houve eleições noutros países enquanto tinham a presidência semestral europeia e "não aconteceu absolutamente nada".
O primeiro-ministro de Espanha realçou que só está prevista uma cimeira europeia antes das eleições legislativas, que estavam inicialmente marcadas para dezembro.
Essa cimeira que se vai realizar antes das eleições vai juntar os líderes da UE com os da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) em Bruxelas, em 17 e 18 de julho.
Não há uma cimeira UE-CELAC há oito anos e este novo impulso às relações entre a Europa e a América Latina, também no contexto do debate da "autonomia estratégica" europeia, é outra das marcas que Espanha pretende deixar com a sua presidência do Conselho da UE.
Neste contexto, o Governo de Madrid espera também que no segundo semestre deste ano se conclua a revisão dos acordos comerciais da UE com o Chile e com o México e que seja dado um "passo decisivo" para o acordo com o Mercosul (Mercado Comum do Sul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).
O primeiro-ministro de Espanha destacou ainda como objetivos da presidência espanhola a continuidade do apoio à Ucrânia, mantendo a unidade dos Estados-membros nesta matéria.
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