A imprensa política norte-americana habituou-se a situações surreais e bizarras nos últimos anos, como a polémica gravação de Trump em 2016, o bronzeado repentino de Mitt Romney em 2012, as gaffes de Joe Biden, entre muitos outros. Mas há surpresas em todas as campanhas presidenciais, e desta vez, foi Ron DeSantis a protagonizar um momento de alguma confusão.
Por razões para já desconhecidas, o governador da Florida e candidato à Casa Branca começou a mudar a forma de dizer o seu apelido. De repente, em vídeos e campanhas, DeSantis - cujo nome se pronuncia normalmente como 'Dê-Santis' - passou a ser 'Di-Santis'. Mas não fica por aqui pois, mesmo quando questionado sobre o seu nome, o candidato recusa-se sempre a esclarecer.
"Isto é ridículo. Estas coisas estúpidas. A forma como pronunciar o apelido? 'Vencedor'", respondeu agressivamente. No mesmo momento, quando questionado sobre estar a tirar fotos com eleitores sem responder às suas perguntas, DeSantis ripostou e perguntou ao jornalista se era "cego".
Desantis is asked about changing the pronunciation of his last name: “This is ridiculous.. The way to pronounce my last name? ‘Winner.’” pic.twitter.com/RrMAav9fq3
— Ron Filipkowski (@RonFilipkowski) June 2, 2023
Ninguém parece saber ao certo como pronunciar o apelido de um dos principais favoritos à nomeação republicana, mas o mais estranho é que nem DeSantis, nem a sua equipa, estão interessados em responder.
A Axios explicou, numa reportagem muito crítica à campanha, que "alguns candidatos presidenciais têm dificuldades em acertar na sua mensagem, Ron DeSantis tem dificuldades em acertar o seu nome". Sites com forte análise política, como o The Hill, a CNN ou o New York Times, mostraram-se perplexos com a comunicação que está a ser feita na organização da campanha, e apontaram que a questão do nome é importante, pois torna-se num reflexo de como o candidato reage ao escrutínio público.
E, se DeSantis é conhecido por ser agressivo com jornalistas, essa reputação subiu de tom com uma recusa inexplicável e áspera em clarificar algo tão simples como um apelido.
Quem se tem divertido com tudo isto é Donald Trump. O antigo presidente continua à frente de DeSantis nas sondagens às primárias republicanas, por uma curta margem, mas até Trump viu-se forçado a deixar um conselho ao rival e antigo protegido.
"Ele está a mudar de nome. Agora é DiSantis. Deixo esta mensagem: nunca mudem de nome a meio de uma campanha. Ou fazem antes ou depois, idealmente nunca", disse num evento na Carolina do Norte, no sábado, acrescentando que ficou contente pela mudança de nome porque gostava do anterior. "Tinha um ritmo melhor", admitiu.
Trump on DeSantis: "You don't change your name in the middle of a election. He changed his name in the middle of the election! You don't do that." pic.twitter.com/3ajYI6Nuls
— Aaron Rupar (@atrupar) June 1, 2023
Ainda assim, Trump é, precisamente, quem terá menos dilemas. De volta aos comícios e às campanhas em que promove teorias da conspiração e comentários ofensivos, é inegável que o antigo líder autoritário e conservador norte-americano tem um talento especial para alcunhas para os seus rivais. E DeSantis mereceu dois: o de 'Meatball Ron' (do inglês, 'Ron Almôndega'); e o mais famoso, 'RonDeSanctimonious', um trocadilho com a palavra 'sanctimonious', que pode ser traduzido para 'condescendente' ou alguém que se considera moralmente superior.
Em março, DeSantis respondeu ao ex-presidente e à sua alcunha, admitindo que gosta, mas que "é longa, tem muitas vogais" e que não a sabe soletrar.
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