"Não tenho qualquer intenção de procurar uma extensão [do mandato como secretário-geral da NATO]", afirmou Jens Stoltenberg, falando à chegada à reunião dos ministros da Defesa da Aliança Atlântica, que se realiza hoje e sexta-feira em Bruxelas.
O responsável norueguês remeteu esta decisão para os membros da NATO: "O meu sucessor é uma questão para os 31 Aliados decidirem. Sou responsável por todas as decisões da organização, exceto uma, por isso o meu futuro é decidido pelos Aliados".
Jens Stoltenberg respondia quando questionado se estaria disposto a permanecer à frente da NATO por mais seis ou 12 meses, se os Aliados o pedissem, dado que o seu mandato termina no final de setembro próximo.
Numa altura em que se discute, no seio da Aliança Atlântica, uma possível extensão ou uma nova cara à frente da NATO, este assunto será abordado pelos Aliados na cimeira de líderes de julho próximo, na capital da Lituânia, em Vílnius.
Jens Stoltenberg está no cargo desde outubro de 2014 e, de momento, está já num período de extensão dado que, face à guerra da Ucrânia provocada pela invasão russa, os Aliados renovaram o seu mandato que deveria ter expirado em outubro de 2022.
Numa entrevista à Lusa divulgada há uma semana, o embaixador português junto da NATO admitiu ser "desejável" que o atual secretário-geral, Jens Stoltenberg, seja sucedido por uma mulher, numa decisão que poderá ser tomada na cimeira de julho, em Vilnius.
"É desejável que seja uma secretária-geral e é também um dos objetivos que neste momento existem, [mas] não é uma condição 'sine qua non' [obrigatória]", afirmou Pedro Costa Pereira, em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, em antecipação da cimeira de 11 e 12 de julho.
Além disso, "também não é uma condição 'sine qua non', mas faria sentido depois de ter secretários-gerais que vieram do norte, ter um secretário-geral que venha mais do sul", acrescentou, falando à Lusa no quartel-general da NATO, em Bruxelas.
Ainda assim, "aqui na Aliança Atlântica, a questão do norte e do sul é sempre uma questão relativa e, como diz o atual secretário-geral [Jens Stoltenberg], que é norueguês, a Dinamarca já é o seu sul e aquilo que é o sul é algo que deve ser visto como sendo algo relativo", assinalou Pedro Costa Pereira.
Previsto está que Jens Stoltenberg termine em setembro próximo o seu segundo mandato à frente da NATO, após uma renovação em março do ano passado, devendo ser indicado um novo nome para a sua sucessão na cimeira da Aliança Atlântica de julho, em Vilnius.
Fontes ligadas ao processo indicaram à Lusa que um dos nomes mais fortes em cima da mesa para tal indicação é o da primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, que lidera um governo de centro-esquerda e que pode recolher apoios de diferentes Aliados, mas nada está para já decidido. Esta seria a primeira mulher à frente da Aliança Atlântica.
As mesmas fontes ressalvaram não estar também excluída uma eventual nova renovação do mandato de Jens Stoltenberg.
"É possível que saia um nome para a sucessão do secretário-geral, mas não é sequer garantido que haja uma decisão ou que não haja uma decisão para prolongar o mandato", até porque isso "já aconteceu no passado", adiantou Pedro Costa Pereira à Lusa.
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