O anúncio, citado pela agência Associated Press (AP), surge no contexto da crescente incerteza sobre o futuro da missão de paz das Nações Unidas no Mali, depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdoulaye Diop, ter formalmente pedido que os 'capacetes azuis' abandonem o país.
O relatório de maio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos acusou o exército maliano e o grupo paramilitar russo Wagner de terem morto pelo menos 500 civis durante uma missão de ataque aéreo a Moura, cidade na região central do Mali, em março do ano passado.
Recorrendo a entrevistas e análise de dados, o relatório da ONU dizia então que havia "fortes indícios" de execuções sumárias, tortura e violações por parte das forças militares malianas e do grupo Wagner.
"Quem está por trás do relatório são coautores ou cúmplices dos crimes de espionagem, minando a moral das forças armas ou da força aérea, falsificação e uso de documentos falsificados e de prejudicar a segurança externa do Estado", disse o procurador interino, Ladji Sara, citado pela AP.
A declaração é a mais recente numa série de críticas feita pelo governo interino do Mali ao envolvimento estrangeiro neste país da África Ocidental.
Desde que tomou o poder em dois golpes de Estado em 2020 e 2021, o coronel Assimi Goita lidera o governo de transição, que já expulsou membros da imprensa internacional e responsáveis das Nações Unidas, além de ter restringido operações de manutenção de paz lideradas pela ONU, e fortaleceu os laços com o grupo mercenário russo Wagner.
Ao chegar ao poder, Assimi Goïta foi empossado como presidente para um período de transição, que deverá terminar no início de 2024 com eleições, as quais devolverão o poder a civis.
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