Numa mensagem de felicitações por ocasião do Eid al Adha, o líder do movimento talibã, Hibatullah Ajundzada, refere que o país foi salvo do "colapso" e que as mulheres vivem agora "mais confortavelmente", mas sempre dentro da sua estrita interpretação da lei islâmica.
O feriado de Eid al-Adha será celebrado este fim de semana no Afeganistão e noutros países islâmicos.
Na mensagem, que contrasta fortemente com as opiniões de organizações não-governamentais (ONG) e de governos, mesmo simpatizantes do movimento fundamentalista, o líder talibã afirma que, por exemplo, o seu Governo cumpriu "as suas promessas" aos países vizinhos e mantém agora boas relações internacionais, "especialmente com o mundo muçulmano".
"Tal como não interferimos nos assuntos internos de outros países, não permitimos que outros interfiram nos nossos", afirmou na mensagem, transmitida pelo porta-voz habitual do grupo, o vice-ministro da Informação, Zabiullah Mujahid, e noticiada pelo Tolo News.
O líder talibã congratulou-se igualmente com a situação económica do país, afirmando que "todos aqueles que previram o colapso do Afeganistão se revelaram errados", e que atribuiu a uma série de "medidas sensatas" e a um exercício de "sinceridade e transparência".
Embora uma avaliação recente do Banco Mundial registe desenvolvimentos positivos, como a contenção da inflação, a ONU entende que a situação no terreno devido à falta de ajuda humanitária continua a ser dramática num país onde 28,3 milhões de afegãos precisam urgentemente de ajuda para sobreviver.
No que diz respeito às mulheres, Ajundzada afirmou que os talibãs tomaram medidas concretas para as salvar de "opressões tradicionais", como o casamento forçado, e que "foram tomadas as medidas necessárias para melhorar o bem-estar das mulheres, como metade da sociedade que representam, para que tenham uma vida mais próspera e confortável, de acordo com a Sharia islâmica".
No entanto, o líder dos talibãs não fez qualquer referência a uma eventual decisão de levantar o atual veto educativo às raparigas e mulheres afegãs que desejem frequentar o ensino secundário e universitário, nem às numerosas restrições laborais impostas às mulheres desde o seu regresso ao poder, há quase dois anos.
Ajundzada, um académico islâmico, raramente aparece em público ou sai do feudo dos talibãs, na província de Kandahar, no sul do Afeganistão. Rodeia-se de outros académicos religiosos e de aliados que se opõem à educação e ao trabalho das mulheres.
Ultimamente, Ajundzada parece ter assumido uma posição mais forte na direção da política interna, proibindo a educação das raparigas após o sexto ano e impedindo as mulheres afegãs de participarem na vida pública e de trabalharem, especialmente em ONG e nas Nações Unidas.
Apesar das promessas iniciais de um governo mais moderado do que durante o seu anterior período no poder na década de 1990, os talibãs impuseram medidas duras desde que tomaram o Afeganistão em agosto de 2021, quando as forças dos EUA e da NATO estavam a retirar-se.
Proibiram as mulheres de frequentar espaços públicos, como parques e ginásios, e reprimiram a liberdade de imprensa.
As medidas desencadearam uma forte revolta internacional, aumentando o isolamento do país numa altura em que a sua economia entrou em colapso - e agravando uma crise humanitária.
Ajundzada reiterou o seu apelo para que os outros países deixem de interferir nos assuntos internos do Afeganistão. Afirmou que o Governo talibã pretende manter boas relações políticas e económicas com o mundo, especialmente com os países islâmicos, e que cumpriu a sua responsabilidade a este respeito.
A mensagem de Ajundzada condenou igualmente o comportamento de Israel em relação aos palestinianos e apelou ao povo e ao Governo do Sudão para que ponham de lado as suas diferenças e trabalhem em conjunto para a unidade e a fraternidade.
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