Conflito intensifica-se no Sudão. Situação no Darfur "preocupa", diz ONU

O conflito no Sudão está a intensificar-se na região do Darfur onde começa também a assumir uma vertente étnica, alertou hoje a ONU, quando o número de pessoas que saíram do país fugindo dos combates ultrapassa o meio milhão.

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© Omer Erdem/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
27/06/2023 13:14 ‧ 27/06/2023 por Lusa

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Sudão

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) está cada vez mais alarmado com as crescentes necessidades humanitárias das pessoas afetadas pela crise no Sudão, uma vez que o número de deslocados continua a aumentar e a prestação de ajuda continua a ser severamente limitada pela insegurança e pela falta de acesso e financiamento.

"Mais de 560.000 pessoas em pouco mais de dois meses é um número enorme", disse Raouf Mazou, alto-comissário adjunto do ACNUR, aos jornalistas em Genebra.

"A situação no Darfur é provavelmente a que mais nos preocupa", destacou Mazou, referindo que se assiste "a um alargamento e intensificação dos conflitos".

"Há uma intensificação do conflito em Darfur. A dimensão étnica que vimos no passado, infelizmente, está a voltar", alertou o alto-comissário adjunto do ACNUR disse Mazou.

A região do Darfur foi palco de um violento conflito de cariz étnico que começou em 2003 que provocou uma das maiores crises humanitárias de sempre no continente africano.

O responsável do ACNUR referiu que um número crescente de refugiados fogem também para o Chade e muitos "chegam com feridos".

"O fardo que os refugiados que chegam aos países representam pode, em alguns casos, assustar os governos. Por isso, devemos sempre lembrar e pedir aos países de asilo que continuem a manter as suas fronteiras abertas, mas também temos de garantir que têm os meios para prestar assistência humanitária e, por vezes, também necessidades de desenvolvimento", acrescentou.

O conflito no Sudão, que eclodiu a meio de abril, opõe o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, aos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF) do general Mohamed Hamdane Daglo desde 15 de abril.

Até agora, o ACNUR estimou que estes confrontos mortais deixariam um milhão de refugiados em seis meses.

"Infelizmente, dadas as tendências e a situação em Darfur, é provável que ultrapassemos um milhão", disse Mazou.

Enquanto a Agência das Nações Unidas para os Refugiados estimou que 100.000 pessoas chegariam ao Chade em seis meses, este número é agora estimado em 245.000, disse ele.

No entanto, o ACNUR ainda não atualizou todas as suas projeções para a região.

Na semana passada, a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) reclamou que o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) condene as atrocidades cometidas na região sudanesa do Darfur, identifique publicamente os responsáveis e imponha sanções contra essas pessoas.

Além das ações reclamadas ao Conselho de Segurança da ONU, a HRW sublinha que "a União Africana e a União Europeia deveriam depois seguir o exemplo".

O conflito no Sudão está a trazer nova violência ao Darfur, e desde abril, as Forças de Apoio Rápido (RSF), uma força paramilitar que luta contra o Exercito sudanês pelo controlo do poder no país, e milícias árabes aliadas "têm atacado comunidades não árabes na região", denunciou.

"Desta vez, o mundo precisa de responder de forma mais rápida e eficaz", alertou a organização.

Leia Também: Sudão. Unicef sem recursos para socorrer crianças que fogem para o Chade

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