Fontes da polícia e do Ministério Público de Nanterre, nos arredores de Paris, confirmaram que o jovem de 17 anos, que nos últimos dias prestou declarações a vários meios de comunicação social sobre o que viu e ouviu, deverá prestar depoimento aos investigadores da Inspeção-Geral da Polícia Nacional (IGPN) para dar a sua versão dos acontecimentos.
A justiça abriu uma investigação por homicídio voluntário, que é a acusação pela qual o agente da polícia que disparou o tiro que matou Naël quando este tentou fugir de um posto de controlo da polícia foi acusado e enviado, dia 29, para prisão preventiva.
O testemunho deste terceiro ocupante, tal como o do segundo, que foi detido imediatamente a seguir, será confrontado com o dos dois polícias.
Antes de se apresentar, o jovem, que, segundo foi revelado, tem antecedentes de escapar também a uma "operação stop" da polícia francesa, tal como Naël , disse à imprensa que circulavam num carro alugado quando os dois polícias, em motas, começaram a persegui-los.
Quando o carro teve de parar num engarrafamento, um dos agentes exigiu que o condutor - que não tinha carta de condução - baixasse o vidro e desligasse o motor.
Segundo o terceiro ocupante do carro, o agente da polícia ameaçou disparar se o condutor não o fizesse e bateu-lhe com a arma, altura em que, involuntariamente, Naël soltou o pé do travão, fazendo com que o carro (automático) arrancasse.
Segundo o testemunho, foi então que o polícia disparou.
O prefeito da polícia, Laurent Nunez, desmentiu este testemunho, afirmando que Naël primeiro parou o motor, mas depois voltou a ligá-lo para tentar fugir, e foi nestas circunstâncias que o tiro fatal foi disparado.
O agente agora preso tinha inicialmente afirmado que disparou porque o carro em fuga punha em perigo a sua segurança e a do seu colega.
No entanto, as imagens registadas por uma testemunha põem em causa esta versão.
Nas últimas seis noites, os distúrbios desencadeados pelo incidente de Nanterre levaram à detenção de mais de 3.200 pessoas em toda a França, afirmou hoje o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, durante uma visita à cidade de Reims.
Em declarações aos meios de comunicação social, Darmanin sublinhou a "firmeza" com que estão a ser tomadas medidas para fazer face aos tumultos, salientando que "não têm precedentes" e que a resposta das forças de segurança francesas "é uma demonstração de força republicana".
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