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MSF pede o regresso urgente da ajuda humanitária à Etiópia

A organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) pediu a retomada "imediata" da distribuição de alimentos na Etiópia, suspensa em junho passado em todo o país pelas Nações Unidas devido ao "desvio" desses suprimentos.

MSF pede o regresso urgente da ajuda humanitária à Etiópia
Notícias ao Minuto

10:13 - 07/07/23 por Lusa

Mundo ONG

"A suspensão é alarmante porque vem depois de um longo período de distribuições esporádicas e irregulares de ajuda alimentar, numa altura em que a situação humanitária em todo o país já é desesperada", afirmou a diretora nacional da MSF na Etiópia, Clara Brooks, citada num comunicado da ONG divulgado no final da quinta-feira.

As equipas médicas da MSF estão a "testemunhar taxas alarmantemente elevadas de desnutrição aguda global, muito acima do limiar de emergência", afirma a organização.

De acordo com a MSF, mais de 20 milhões de etíopes dependem da ajuda alimentar e muitas destas pessoas estão em risco, incluindo mulheres grávidas, mães a amamentar, crianças com menos de cinco anos e pessoas infetadas com o vírus da imunodeficiência humana (HIV).

Além disso, os etíopes enfrentam "a pior seca das últimas quatro décadas", dificuldades económicas e "violência recorrente", sublinhou Brooks.

A suspensão da distribuição de alimentos surgiu no contexto de investigações sobre o desvio generalizado de ajuda alimentar.

Na região norte de Tigray - devastada até novembro passado por uma guerra sangrenta de dois anos entre as forças daquele estado etíope leais à Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF, partido que governa o estado e durante décadas governou a Etiópia) e o Governo federal - a ajuda foi suspensa em maio, uma proibição que foi alargada a toda a Etiópia em junho.

De acordo com MSF, a distribuição de alimentos já era "infrequente e irregular" nos meses anteriores, contribuindo para as elevadas taxas de desnutrição.

De janeiro a abril, o pessoal da MSF em Shire e Sheraro (duas regiões em Tigray) examinou 8.000 mulheres grávidas e lactantes e descobriu que 72,5% sofriam de desnutrição aguda.

Além disso, 17.803 crianças com menos de cinco anos foram examinadas e 21,5% sofriam de desnutrição aguda moderada e 6,5% de desnutrição aguda grave, o que enfraquece o sistema imunitário das pessoas que sofrem desta doença, colocando-as em risco de doença e morte.

Além disso, se não for tratada a tempo, a desnutrição aguda pode afetar gravemente o desenvolvimento físico e cerebral das crianças.

A organização apela a todas as instituições para que "atuem imediatamente" e respondam às necessidades das comunidades mais vulneráveis.

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