A Casa Branca anunciou, esta sexta-feira, que o novo pacote de ajuda dos Estados Unidos (EUA) incluiu o envio de bombas de fragmentação a Kyiv, uma medida que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já fez questão de agradecer - classificando esta como uma "medida decisiva" no conflito que decorre no leste europeu.
O anúncio já era esperado e o presidente dos EUA, Joe Biden, falará sobre essa situação no domingo, numa entrevista à CNN Internacional. Disse, para já, que foi uma "decisão muito difícil", mas que não foi tomada sem consultar os aliados e também o congresso norte-americano.
Considerando que era "agora" que Kyiv deveria ter as armas para avançar com a contraofensiva, Biden deu 'luz verde' a este envio. "Por razões de segurança", tal como explicou o conselheiro da Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, não se sabe quando as bombas serão enviadas para território ucraniano - mas Sulivan destacou, no entanto, que acontecerá numa altura "relevante" para a contraofensiva.
Mas, afinal, o que são bombas de fragmentação?
Este é um instrumento explosivo que, quando é acionado, liberta um grande número de pequenas bombas em pleno voo, a partir de um foguete ou míssil, espalhando-se assim por uma área muito ampla.
Segundo o que as publicações internacionais explicam, é suposto que estas pequenas bombas sejam detonadas com o impacto, sendo especialmente eficazes contra trincheiras ou posições fortificadas, por exemplo, porque tornam áreas muito grandes demasiado perigosas para movimentações.
No entanto, se aterrarem num território molhado ou macio, esta detonação fica por acontecer. Na sequência deste 'fracasso', muitas vezes estas pequenas bombas ficam por explodir, podendo assim manter-se até que alguém pegue nelas, ou as pise, por exemplo, provocando a morte ou mutilação de quem está à volta. Ou seja, a arma usada no campo de batalha poderá manter-se ativa para além da guerra.
Ora veja como funcionam:
Cluster bombs are canisters that carry dozens of smaller bombs.
— Joshua Reed Eakle (@JoshEakle) July 7, 2023
While they are designed to explode on impact, as many as 30% do not, making them a risk to civilians for years.
Over 90% of recorded cluster bomb casualties are civilians, of which nearly half are children.
The… pic.twitter.com/ZLsVljnyMn
São eficazes?
Segundo a BBC, do ponto militar, este é um instrumento "terrivelmente eficaz" quando usadas em trincheiras e posições fortificadas, tornado as áreas muito perigosas para as movimentações das tropas que lá estão.
De acordo com a BBC, as bombas que a Rússia tem usado têm, alegadamente, uma taxa de insucesso de 40%, ou seja, o perigo no solo permanece elevado. A média de insucesso desta arma ronda os 20%, com o Pentágono a afirmar que taxa de insucesso das suas é de menos de 3%.
Perigos subjacentes?
Apesar da eficácia militar, esta é uma arma - e um anúncio - que poderá levantar algumas questões, nomeadamente, por parte dos grupos de direitos humanos. Isto porque mais de 100 países (incluindo Reino Unido, França e Alemanha) proíbem o uso destas armas, no âmbito da Convenção sobre Munições de Dispersão. O tratado internacional assinado em 2008 proíbe o uso ou armazenamento dessas armas devido ao seu efeito indiscriminado sobre as populações civis.
A questão dos civis, que muitas vezes são as vítimas destas bombas - até pela falta de limpeza dos terrenos de um território em guerra - foi abordada pelos EUA e Ucrânia. Segundo o Pentágono, Kyiv deu garantias de que não seriam usadas junto de zonas com populações.
Segundo a BBC, as crianças são vítimas particularmente 'fáceis' neste âmbito, já que o pequeno instrumento pode ser confundido com um brinquedo ou outro objeto que, por curiosidade, as crianças pegam.
Este é um pedido de Kyiv, que começa a esgotar as munições que tem - e que não estarão a ser produzidas a tempo de serem substituídas.
Quem as usa?
Tanto a Rússia como a Ucrânia têm estado a utilizar estas munições de dispersão desde o início da guerra, de acordo com o que relata a BBC. Nenhum destes países assinou o tratado acima referido, assim como também lá não está presente a assinatura dos Estados Unidos. Washington tem vindo a criticar, no entanto, o uso destas bombas por parte da Rússia, colocando-se, agora, numa posição complicada.
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