ACNUR preocupado com deportações de refugiados do Burkina Faso no Gana
O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) manifestou-se preocupado com as alegadas deportações de centenas de cidadãos do Burkina Faso, a maioria mulheres e crianças, que procuraram refúgio no Gana para fugirem ao terrorismo.
© Costas Baltas/Anadolu Agency via Getty Images
Mundo ACNUR
Num comunicado divulgado na quarta-feira, o ACNUR apelou ao Governo do Gana para "pôr termo a estas expulsões, que constituem uma violação do princípio da não repulsão, e garantir o acesso ao território e asilo aos nacionais do Burkina Faso que procuram proteção".
Este princípio, incluído no direito internacional, proíbe o retorno de uma pessoa que procura asilo ou refúgio noutros quando a sua vida ou liberdade esteja em perigo.
De acordo com os media locais do Burkina Faso, uma delegação governamental composta por vários ministros daquele país deslocou-se à cidade de Dakola (sul) para visitar os cidadãos deportados, cujas expulsões aparentemente estão a decorrer desde terça-feira, 11 de julho.
O ACNUR também confirmou que está a colaborar com as autoridades do Gana para garantirem a proteção de mais de 8.000 cidadãos do Burkina Faso deslocados para aquele país devido ao terrorismo.
Neste sentido, esta agência da ONU e o governo do Gana criaram um centro de acolhimento na região fronteiriça do Alto Leste, com capacidade para acolher 4.000 pessoas e com o objetivo de as reinstalar longe da fronteira.
Esta quarta-feira, o membro do grupo terrorista ganês Alhaji Gbangbanku partilhou um vídeo na rede social Twitter que mostra dezenas de mulheres com menores nos braços, que identificou como refugiadas do Burkina Faso que estavam a ser deportadas do Gana.
A EFE não conseguiu verificar essas imagens.
O Burkina Faso tem sofrido frequentes ataques terroristas desde abril de 2015, perpetrados por grupos ligados tanto à Al-Qaeda quanto ao Estado Islâmico, especialmente no norte do seu território.
O país sofreu dois golpes em 2022: um em 24 de janeiro, comandado pelo tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, e outro em 30 de setembro, cometido pelo capitão Ibrahim Traoré, que atualmente comanda o país.
As duas tomadas do poder pelos militares aconteceram após o descontentamento entre a população e o Exército sobre os ataques terroristas, que forçaram o deslocamento de mais de dois milhões de pessoas, segundo os últimos dados do Governo.
Em 01 de junho, o Conselho Norueguês para Refugiados (NRC) alertou que, pela primeira vez, o Burkina Faso encabeça a lista das crises de deslocamento mais negligenciadas do mundo, enquanto a ajuda humanitária e a atenção foram redirecionadas para a Ucrânia, após a invasão russa.
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