A nomeação de um representante do papa residente no país comunista vai servir para apoiar a comunidade católica local, contribuirá para o desenvolvimento do país e ajudará a servir de "ponte para o avanço das relações entre o Vietname e a Santa Sé", indicou o Vaticano, em comunicado.
O acordo, que pode ter implicações no relacionamento entre a Igreja católica e a China, foi concluído durante uma visita, na quinta-feira, ao Vaticano, do Presidente vietnamita, Vo Van Thuong, que se encontrou com o papa Francisco e o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.
Este acordo ainda não permite o estabelecimento de plenas relações diplomáticas, que têm sido tensas durante décadas. Mas as duas partes têm mantido conversações regulares, pelo menos desde 1990, para estudar a renovação dos laços, com Parolin a supervisionar o processo durante anos.
A delicada relação entre o Vaticano e o Vietname tem sido vista como um modelo para as relações com a China, que cortou os laços diplomáticos em 1951, na sequência da subida ao poder dos comunistas e da expulsão de padres estrangeiros.
Em 2018, o Vaticano e a China assinaram um acordo sobre as nomeações de bispos, que ambas as partes reivindicaram como prerrogativa própria. Mas Pequim desrespeitou o acordado repetidamente ao nomear bispos sem consultar a Santa Sé.
Recentemente, Parolin reconheceu as violações do acordo e comentou que uma forma esperada de melhorar as relações com Pequim seria através da abertura de um "escritório estável" na China.
"Uma tal presença favoreceria não só o diálogo com as autoridades civis, mas contribuiria também para a plena reconciliação no seio da Igreja chinesa e para o seu caminho em direção a uma desejada normalidade", disse Parolin aos meios de comunicação social do Vaticano, no início deste mês.
As autoridades do Vaticano sublinharam que a abertura de um gabinete em Pequim não tem nada a ver com o estatuto das relações diplomáticas, nem sugere uma transferência iminente de laços diplomáticos de Taiwan para Pequim.
Pelo contrário, a presença fixa de um gabinete em Pequim ia facilitar o diálogo sobre a questão da nomeação de bispos e a vida da Igreja Católica, afirmaram.
O acordo entre o Vaticano e o Vietname para a criação de um enviado residente do Vaticano em Hanói surge poucos meses depois de o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, se ter deslocado à capital vietnamita para reforçar as relações entre os EUA e o Vietname.
O objetivo de Washington é tentar contrariar a crescente afirmação da China na região do Indo-Pacífico e surge 50 anos depois de a retirada das tropas norte-americanas, que marcou o fim do envolvimento militar direto dos Estados Unidos no Vietname.
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