Um deles, de pavilhão israelita, já entrou no braço ucraniano do Danúbio, estando a ser acompanhado por um avião antinavios P8, dos Estados Unidos, referiu o investigador do OSINT, sigla referente a Open Source Intelligence, entidade que recolhe, armazena e analisa informações de fontes públicas - basicamente, qualquer dado sobre uma empresa ou pessoa que possa ser encontrado por meio de ferramentas da Internet.
Segundo Johnson, citado no portal ucraniano Euromaidan Press, os seis navios desafiaram as ameaças da Rússia, feitas após Moscovo se ter retirado do acordo sobre os cereais, e entraram no braço ucraniano do rio Danúbio, que desagua no Mar Negro, estando já a navegar em águas romenas.
O portal baseia as informações de Johnson em mapas de satélite e em dados de navegação.
O Rio Danúbio é o segundo rio mais longo da Europa, com quase 2.900 quilómetros de extensão, atravessando o continente europeu de oeste a leste, desde sua nascente na Floresta Negra, na Alemanha, até desaguar no mar Negro, no delta do Danúbio.
Segundo o portal, na noite de domingo, três navios civis -- Ams1, Sahin 2 e Yilmaz Kaptan, provenientes de Israel, da Grécia e da Turquia/Geórgia -- navegaram em rotas diretas no Mar Negro, anunciando abertamente o destino Ucrânia, através do sistema de localização AIS.
Johnsson corroborou as posições dos navios com imagens de satélite e verificou que a localização AIS correspondia às suas posições reais.
O primeiro navio a entrar num porto ucraniano foi o Ams1, de origem israelita, que entrou num braço ucraniano do Danúbio.
O avião antinavios norte-americano P8 garante a segurança do navio, sendo reabastecido diretamente no céu romeno. O reconhecimento adicional é assegurado pelo drone (aparelho voador não tripulado) de reconhecimento Fort12 RQ-4.
Outros três navios, Sealock, Bosphorus Queen e Afer, também atravessaram as águas do mar Negro em direção aos portos ucranianos do Danúbio.
Todos os seis navios são geridos por turcos, escreve Marcus Johnsson.
Entretanto, o editor da BlackSeaNews, Andrii Klymenko, observou que o número de navios é, de facto, superior e atinge os 16.
A maior parte deles encontra-se nas águas territoriais da Roménia.
Segundo Klymenko, o termo "bloqueio" não se aplica às ações da Rússia no Mar Negro, porque os navios de guerra não se envolvem em qualquer contra-ação ativa, limitando-se a tentar intimidar os navios civis.
Uma forma possível de manter os navios de guerra russos à distância é através de ataques de 'drones' 'kamikaze' marítimos.
A 25 deste mês, sete dias após o fim da participação da Rússia no "corredor de cereais", o Ministério da Defesa russo anunciou um ataque noturno de dois 'drones' de superfície ucranianos ao navio-patrulha "Sergei Kotov" da frota russa do Mar Negro.
O navio estava a desempenhar uma missão de "controlo da navegação" na parte sudoeste do Mar Negro, a 370 quilómetros de Sebastopol (130 quilómetros do Bósforo), na zona económica marítima exclusiva da Turquia, escreveu Klymenko.
"Apesar de o navio ter permanecido intacto, este tipo de ataques aumenta o risco de perda de mais navios, desencorajando ativamente os russos de movimentos mais agressivos e confirmando que as forças ucranianas ainda exercem algum controlo sobre o Mar Negro e limitam a mobilidade russa", indica o mais recente Frontline Report do BlackSeaNews.
A 17 de julho de 2023, a Federação Russa retirou-se da iniciativa relativa aos cereais do Mar Negro, um acordo negociado pela ONU para desbloquear os portos da Ucrânia e exportar os seus cereais, e declarou que não garantiria que não atacaria navios civis após essa data.
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