Fávaro, ex-senador e produtor agrícola, garantiu numa entrevista coletiva em São Paulo que o Brasil está "aberto a negociações", mas rejeitou a tentativa da UE de introduzir no tratado em discussão a possibilidade de sancionar produtos provenientes de áreas desflorestadas.
O ministro brasileiro considerou essas tentativas uma afronta às regras da Organização Mundial do Comércio e justificou o "discurso altivo" do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, nas suas conversas com líderes europeus.
"Se permanecer o exagero da UE, estamos trabalhando em novas aberturas [de mercados], em um novo cenário mundial", disse Fávaro, referindo-se ao BRICS, grupo de economias emergentes do qual o Brasil faz parte com Rússia, Índia , China e África do Sul.
O ministro destacou que o Brasil já tem um código florestal "altamente restritivo" que obriga os agricultores da Amazónia a deixar 80% da vegetação das suas terras intocada.
Fávaro afirmou que o Brasil "entregou de graça" o código florestal "em detrimento" dos agricultores brasileiros da região e em prol do "bem-estar de quem está na Europa".
"O acordo não tem uma palavra sobre inclusão social, só tem obrigações ambientais", criticou o ministro brasileiro.
Por outro lado, reconheceu que o país sul-americano, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, ainda pode avançar na rastreabilidade das suas colheitas para garantir a sua origem legal.
Cabe ao Brasil, que ocupa a presidência 'pro tempore' do Mercosul (bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), propor aos demais membros uma resposta às novas demandas ambientais que ainda não foram enviadas à União Europeia.
Apesar das diferenças, tanto os governos do Mercosul quanto a Comissão Europeia disseram esperar assinar o acordo comercial antes do final do ano.
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