O acordo foi assinado durante uma viagem do primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, à capital romena, Bucareste, para conversações com o seu homólogo romeno, Marcel Ciolacu.
Os dois líderes discutiram formas de aumentar as principais exportações de cereais do país devastado pela guerra e melhorar as infraestruturas de transporte fluvial, ferroviário, rodoviário e marítimo, inclusive nas passagens de fronteira.
A economia da Ucrânia depende fortemente da agricultura, cuja produção é crucial para o abastecimento mundial de trigo, cevada e óleo de girassol.
Numa conferência de imprensa após o encontro com o primeiro-ministro ucraniano, Marcel Ciolacu disse que espera que a Roménia possa transportar mais de 60% das exportações de cereais da Ucrânia e assumiu a meta "ambiciosa" de duplicar o transporte de cereais ucranianos através do seu país, definida na semana passada durante uma reunião que incluiu autoridades ocidentais e ucranianas na cidade romena de Galati, no rio Danúbio.
A Roménia pretende duplicar a quantidade de cereais ucranianos transitados, de 2 milhões para 4 milhões de toneladas por mês, mas Ciolacu não especificou um prazo para o aumento.
"Enfatizei a importância da colaboração entre os nossos países, bem como com os nossos parceiros internacionais", disse o governante.
O líder romeno acrescentou que o porto de Constanta, no Mar Negro, continuará a ser uma importante rota de transporte para levar as mercadorias da Ucrânia para o mercado internacional.
O Canal Sulina, um braço do rio Danúbio, o segundo maior curso fluvial da Europa e uma importante rota de transporte, também desempenhará um papel importante.
A reunião bilateral ocorre após semanas de ataques russos ao armazenamento de cereais e instalações portuárias da Ucrânia ao longo do rio Danúbio.
A Ucrânia tem confiado cada vez mais nesses portos do Danúbio após Moscovo romper o nevrálgico acordo de navegação durante a guerra que permitia a passagem segura das exportações de cereais pelo Mar Negro.
Como resultado, Kyiv procurou redirecionar o transporte através do Danúbio e as ligações rodoviárias e ferroviárias para a Europa.
O primeiro-ministro ucraniano disse hoje que os dois países vizinhos terão como objetivo agilizar os controlos de fronteira nos pontos de passagem para um transporte mais expedito de mercadorias.
"Discutimos a melhoria das infraestruturas de transportes destruídas pela Rússia", disse Shmyhal.
A chamada Iniciativa dos Cereais do Mar Negro, acordo firmado no ano passado que também envolveu a Rússia, contribuiu para fazer baixar os preços globais dos alimentos e proporcionou aos ucranianos grandes receitas.
Após a retirada unilateral de Moscovo do acordo, em julho passado, a comunidade internacional procura agora encontrar uma forma de garantir a segurança das rotas de transporte para o resto do mundo dos cereais a tempo da colheita do próximo outono, sendo a Ucrânia e a Rússia grandes exportadores.
Segundo o diário norte-americano The Wall Street Journal, há responsáveis norte-americanos em conversações com a Turquia, a Ucrânia e os países vizinhos sobre o aumento do tráfego ao longo do Danúbio, que desagua no Mar Negro, na fronteira entre a Ucrânia e a Roménia.
Um desses responsáveis afirmou que Washington iria analisar todas as opções, incluindo a de um acompanhamento militar dos navios mercantes ucranianos.
O primeiro cargueiro saído da Ucrânia após o fim do acordo sobre cereais chegou na quinta-feira à tarde a águas turcas, apesar do cerco russo, segundo 'sites' especializados em tráfego marítimo.
O porta-contentores Joseph Schulte, com pavilhão de Hong Kong, partiu na quarta-feira do porto ucraniano de Odessa, desafiando a Rússia, que ameaçou atacar tais embarcações desde que pôs fim ao acordo.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que o cargueiro percorreu a rota de "um novo corredor humanitário" definido por Kyiv, depois de a Rússia ter procedido, no fim de semana passada, a disparos de advertência contra um navio de mercadorias que se dirigia para Izmail, um porto do rio Danúbio, no sul da Ucrânia.
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