O chefe de Estado francês apelou também mais uma vez, numa entrevista ao semanário Le Point, à "restauração da ordem constitucional" no Níger e à libertação do Presidente nigerino, Mohamed Bazoum, deposto em 26 de julho por militares.
"Este é um golpe contra a democracia no Níger, contra o povo do Níger e contra a luta contra o terrorismo", frisou Macron.
Em 03 de agosto, os militares que derrubaram o Presidente Mohamed Bazoum terminaram com uma série de acordos militares com a França, sendo que 1.500 soldados ainda estão destacados no Níger para a luta anti-'jihadista'.
Paris não reconheceu esta revogação pelos golpistas.
"A França tinha razão em comprometer-se ao lado dos Estados africanos na luta contra o terrorismo. É uma honra e uma responsabilidade sua. Se não nos tivéssemos comprometido, com as operações Serval e depois Barkhane, provavelmente não haveria mais Mali, nem Burkina Faso, nem tenho certeza de que ainda existiria o Níger", destacou Macron.
Para o Presidente da França, as intervenções francesas a pedido dos Estados africanos "foram bem-sucedidas".
"Impediram a criação de califados a poucos milhares de quilómetros das nossas fronteiras. Há, claro, uma crise política em muitos países da África Ocidental. E quando há um golpe de Estado e a prioridade dos novos regimes não é lutar contra o terrorismo, a França não tem vocação para continuar empenhada. É, na verdade, dramático para os Estados envolvidos", analisou o chefe de Estado francês.
Emmanuel Macron frisou ainda que tem promovido desde 2017 uma política que saia da lógica de segurança.
"Acredito numa política de parceria onde a França defende os seus interesses e apoia África para ter sucesso. É uma verdadeira parceria e não um condomínio seguro", analisou o governante.
As relações entre a França e o Mali deterioraram-se acentuadamente desde que os coronéis tomaram o poder à força em Bamako, em agosto de 2020.
A junta expulsou as forças francesas em 2022, nove anos após a eclosão da operação Barkhane.
No que diz respeito ao Burkina Faso, as relações com a França deterioraram-se desde que o capitão Ibrahim Traoré chegou ao poder através de um golpe de Estado, em setembro de 2022.
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