O líder do Partido Popular (PP) espanhol, Alberto Núñez Feijóo, terá hoje proposto ao rival socialista Pedro Sánchez (PSOE) que este facilitasse a sua investidura para governar durante dois anos. Esta terá sido recusada pelo primeiro-ministro interino espanhol.
Segundo o El Pais, a proposta feita por Feijóo sugeria que este governasse durante um período de dois anos e nesse tempo resolvesse os grandes problemas de Espanha com pactos de Estado. A proposta, anunciou o próprio em conferência de imprensa, foi rejeitada.
A proposta não previa a inclusão de ministros do PSOE no governo, apesar de se assemelhar a um governo de unidade nacional. "Não levantei com Sánchez a hipótese de uma grande coligação porque Sánchez já rejeitou essa possibilidade, não é possível enquanto Sánchez for secretário-geral do PSOE. Por isso, não falei com ele", disse Feijóo.
Naquela que foi a primeira reunião entre os dois candidatos ao executivo espanhol em quase 11 meses, Feijóo terá sugerido um mandato de 24 meses para levar a cabo as reformas pendentes em Espanha, evitando assim o risco de repetir as eleições em quatro meses. Após esses dois anos, seriam realizadas eleições gerais.
"O que eu recebi, tanto quanto entendi, foi um não", declarou Feijóo, no final do encontro, afirmando que Sanchéz "prefere fazer acordos com independentistas" e "negociar amnistias e referendos".
O presidente do Partido Popular (PP, direita) referia-se às exigências de forças políticas catalãs para a viabilização de um novo governo de esquerda em Espanha, relacionadas com os condenados e acusados pela justiça pela tentativa de autodeterminação da Catalunha de 2017, para quem pedem uma amnistia.
"Constatei a recusa do secretário-geral do partido socialista à proposta de igualdade de todos os espanhóis", afirmou Feijóo, que acrescentou que Sánchez está disposto a aceitar as "exigências de partidos minoritários e que não respeitam a Constituição" para continuar à frente do Governo do país.
O presidente do PP disse que propôs a Sánchez "seis grandes pastos de Estado" e que os socialistas viabilizassem um governo dos populares para uma legislatura de dois anos, o tempo para pôr em marcha esses acordos.
Passado esse período, o PP comprometia-se a convocar novas eleições, disse Feijóo, que afirmou ter proposto pactos para reformas que considera serem necessárias no país, relacionadas, entre outras áreas, com a sustentabilidade do serviço público de saúde, as pensões, a gestão da água, a reorganização de instituições como o Senado, "o saneamento" económico ou a independência do poder judicial.
Feijóo sublinhou que PP e PSOE obtiveram mais de 60% dos votos nas últimas eleições e que os partidos que defendem a Constituição e a integridade territorial de Espanha superaram os 90%, sendo "incompreensível" que os separatistas, que tiveram 6%, "possam condicionar a governabilidade e decidir as políticas de Estado".
A reunião entre Feijóo e Sánchez durou um pouco menos de uma hora e os socialistas ainda não comentaram a proposta do líder do PP.
A reunião, em Madrid, ocorreu a pedido de Feijóo, que assim iniciou uma ronda de contactos com outros líderes partidários com o objetivo de reunir apoios para a eventual investidura como chefe do Governo numa votação no plenário dos deputados agendada para 26 e 27 de setembro.
O PP foi o partido mais votado nas eleições de 23 de julho e o Rei de Espanha indicou na semana passada Feijóo como candidato a primeiro-ministro.
O PSOE tem dito que a investidura do líder do PP como primeiro-ministro pelo parlamento está "condenada ao fracasso" e assegura que, apesar de ter sido o segundo partido mais votado, tem condições para voltar a formar governo, com os votos dos deputados de uma 'geringonça' de forças de esquerda, extrema-esquerda, regionalistas, nacionalistas e independentistas.
[Notícia atualizada às 12h20]
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