O homem de 62 anos, que não participou na sessão de hoje no tribunal, tinha apresentado recurso em junho para ficar na África do Sul, com o seu advogado a dizer que isso iria permitir "suspender" a extradição e que o seu cliente "temia pela sua vida" se fosse extraditado, segundo a agência Associated Press.
O mecanismo internacional criado especificamente para o genocídio no Ruanda, nos anos de 1990, quer julgar Kayishema por alegada conspiração para organizar um genocídio e participação nos homicídios, em particular pelo seu alegado papel na morte de cerca de 2.000 refugiados deslocados internamente na igreja católica de Nyange, no noroeste do Ruanda.
O antigo polícia viveu durante anos na África do Sul, onde foi detido em maio último, no âmbito de uma operação conjunta do Mecanismo Residual Internacional para os Tribunais Penais (IRMCT) e das autoridades sul-africanas.
O suspeito usava muitos pseudónimos e documentos falsos para ocultar a sua identidade e contava com uma rede de apoiantes de confiança, incluindo membros da sua família e das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), um grupo rebelde de etnia ruandesa com base na vizinha República Democrática do Congo (RDCongo).
O genocídio teve início em 07 de abril de 1994, um dia depois de o avião que transportava os presidentes do Ruanda, Juvénal Habyarimana, e do Burundi, Cyprien Ntaryamira (ambos hutus), ter sido abatido sobre Kigali.
O massacre que se seguiu, e que o Governo ruandês atribuiu aos rebeldes tutsis da Frente Patriótica Ruandesa (RPF), contra os quais estava em guerra desde 1990, matou pelo menos 800 mil tutsis e hutus moderados em pouco mais de três meses.
Foi um dos piores massacres étnicos da história recente da Humanidade.
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