Numa breve mensagem divulgada nas redes sociais, o Presidente reiterou que foi ultrapassado um limite e que "não tudo vale" na hora de criticar.
"Ontem de manhã [quinta-feira] um grupo de extrema-direita foi lançar panfletos em frente da casa dos meus pais em Punta Arenas. Além das ameaças pessoais desses grupos que são cada vez mais comuns, o fato de fazerem isso com a minha família ultrapassa qualquer limite", realçou Boric, citado pela agência Efe.
O alerta do chefe de Estado chileno surgiu poucas horas depois da casa da sua família, na Patagónia, ter aparecido repleta de panfletos que diziam "Comunista Boric, fora do país", e continham um desenho de um homem enforcado.
O 50.º aniversário do golpe de Estado levado a cabo pela liderança do Exército chileno contra o governo democrático do socialista Salvador Allende agravou o intenso clima de polarização política e divisão social que abala o Chile.
Quer a direita tradicional, quer a extrema-direita recusaram-se a assinar o documento proposto a condenar explicitamente o golpe e a apelar à união e à reconciliação proposto pelo Presidente.
Estes partidos também boicotaram os eventos oficiais, nos quais participaram chefes de estado, ativistas dos direitos humanos locais e internacionais, artistas e familiares de mais de mil detidos desaparecidos, cujo destino é desconhecido meio século depois.
A extrema-direita deu um passo além e até justificou o golpe, culpando o próprio Allende e as suas políticas sociais, considerando-o inevitável e evitando a condenação explícita dos crimes cometidos durante a repressão ditatorial.
O Chile também está imerso num polémico processo de substituição da sua atual Constituição, escrita em 1980 pela ditadura e ligeiramente alterada na democracia, após a rejeição do projeto progressista submetido a referendo em 04 de setembro de 2022.
O Partido Republicano do Chile, de extrema-direita, obteve uma vitória esmagadora nas eleições para a Assembleia Constituinte, realizadas no início de maio, onde conquistou 23 dos 50 assentos que compõem aquele órgão encarregado de elaborar uma nova Constituição para o país.
Nos últimos dias, vários atores sociais denunciaram "as medidas regressivas" que estão a ser introduzidas através de alterações ao texto, que será votado em dezembro.
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