Estas missões estão enquadradas na Iniciativa de Segurança e Defesa de apoio aos países do Golfo da Guiné, em que a União Europeia (UE) pretende ajudar os países da África Ocidental a "conter a propagação da ameaça dos grupos terroristas armados".
As missões respondem ao pedido das autoridades destas quatro nações africanas, que já foram palco de alguns atentados no seu território nos últimos dois anos e onde já se verificou presença de extremistas.
Esta decisão, sublinha Bruxelas, foi concebida "em estreita concertação" com estas nações.
O objetivo é estabelecer projetos militares e civis que contribuam para criar um clima de estabilidade em zonas vulneráveis a ações terroristas, principalmente no norte destes quatro países, que fazem fronteira com o Mali, o Burkina Faso e o Níger, que se tornaram dos principais centros de atividade de milícias rebeldes em África.
A missão vai começar no Benim e no Gana, cujos presidentes, Patrice Talon e Nana Akufo-Addo, enviaram cartas à UE, em julho, convidando-os a participar neste combate ao extremismo de cariz islâmico, e será alargada aos outros países à medida que forem recebidos convites dos respetivos governos.
Estas novas iniciativas europeias serão de presença mínima militar, sendo que a UE quer optar por iniciativas que não impliquem um grande destacamento de militares europeus.
Assim, está planeado o envio de até oito conselheiros militares e conselheiros civis de gestão de crises, que ficarão localizados nas delegações da UE.
Todos os países da UE são chamados a participar nesta missão com peritos nacionais, e entre as decisões a tomar nos próximos meses está a futura disponibilização de pessoal pelos Estados-Membros interessados em contribuir para esta iniciativa.
A semana passada, o Alto Representante da EU para a política externa e segurança, Josep Borrell, admitiu no Parlamento Europeu que as missões militares europeias em África estão num "incómodo 'stand-by'" e que é tempo de repensar o seu futuro e implementar novos modelos.
O Alto Representante defendeu a manutenção da presença da UE na região do Sahel, apesar da proliferação de golpes militares.
A cadeia de golpes de Estado no Sahel, que começou em 2020 no Mali, com uma repetição em 2021, continuou no Burkina Faso e no Níger, mais recentemente.
A UE teme que a instabilidade causada pelos golpes de Estado seja precursora da expansão do terrorismo.
O Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (JNIM) e Estado Islâmico no Grande Sara (ISGS), afiliados da Al-Qaeda e do grupo extremista Estado Islâmico, operam nestes três países e têm vindo a expandir a sua influência, nos últimos anos, para os países do Golfo da Guiné. Até agora, os mais afetados foram o Benim e o Togo, onde já se registaram ataques significativos.
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