Anthony Sanchez, de 44 anos, foi declarado morto após a injeção de três drogas na Penitenciária do Estado de Oklahoma, em McAlester.
Embora sempre tenha afirmado que nada tinha que ver com o assassínio de Juli Busken, de 21 anos, tomou a invulgar decisão de não apresentar um pedido de clemência à Comissão de Indulto e Liberdade Condicional do Estado.
Pouco antes da execução, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos rejeitou um pedido para que esta fosse suspensa, apresentado pelo seu novo advogado, que invocou a necessidade de mais tempo para analisar as provas do caso.
Sanchez foi condenado por violar e assassinar Juli Busken, natural de Benton, no Estado do Arkansas, que acabara de concluir o último semestre na universidade quando foi raptada, a 20 de dezembro de 1996, no parque de estacionamento da sua urbanização. O seu corpo foi encontrado nessa noite perto do Lago Stanley Draper, no extremo sudeste da cidade de Oklahoma. Tinha sido amarrada, violada e baleada na cabeça.
Bailarina, Juli Busken foi homenageada no 'campus' com uma bolsa de estudos de dança em seu nome na Faculdade de Belas Artes.
Anos depois, cumpria Sanchez uma pena por roubo quando se registou uma correspondência entre a sua identidade genética (ADN) e a do esperma encontrado na roupa de Busken. Foi condenado e sentenciado à morte em 2006.
Sanchez há muito que defendia a sua inocência e tinha voltado a fazê-lo num telefonema à agência de notícias Associated Press (AP) no início deste ano, a partir do corredor da morte.
"Isso é ADN fabricado. É um ADN falso. Não é o meu ADN. Tenho dito isso desde o primeiro dia", sustentou.
Explicou também que não pediu clemência porque, mesmo quando a Comissão de Indulto e Liberdade Condicional, composta por cinco membros, dá o raro passo de a recomendar, o governador não a tem concedido.
O Procurador-Geral do Oklahoma, Gentner Drummond, assegurou que as provas de ADN ligavam inequivocamente Sanchez ao assassínio de Juli Busken.
Uma amostra do ADN de Anthony Sanchez "era idêntica aos perfis desenvolvidos a partir do esperma das cuecas e dos 'collants'" da vítima, escreveu Drummond no mês passado, numa carta dirigida a um deputado estadual que o tinha questionado sobre a condenação de Sanchez.
Drummond acrescentou não haver indicação de que qualquer dos perfis tivesse sido misturado com ADN de qualquer outro indivíduo e que as probabilidades de selecionar aleatoriamente um indivíduo com o mesmo perfil genético eram de um em 94 biliões entre os hispânicos do sudoeste.
"Não há qualquer dúvida de que Anthony Sanchez é um violador e assassino brutal que merece a mais severa punição do Estado", afirmou.
Um investigador privado contratado por um grupo contra a pena de morte alegou que as provas de ADN podem ter sido contaminadas e que um técnico de laboratório inexperiente comunicou incorretamente ao júri que elas eram inequívocas.
O principal procurador do condado quando Sanchez foi julgado, Tim Kuykendall, indicou que, embora a prova de ADN fosse a mais contundente no julgamento, havia outras que ligavam Sanchez ao assassínio, incluindo provas balísticas e uma pegada encontrada no local do crime.
O Oklahoma retomou a aplicação da pena de morte em 2021, pondo fim a uma moratória de seis anos causada por preocupações relacionadas com os seus métodos de execução. O Estado tinha um dos mais ativos corredores da morte do país até surgirem problemas, em setembro de 2015, quando os funcionários da prisão se aperceberam de que tinham recebido a substância química errada -- que não era tão eficaz e prolongava o processo de execução, tornando-o mais cruel -- e mais tarde se soube que esta já tinha sido utilizada para executar um recluso em janeiro.
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