"O governo de Mnangagwa perdeu uma oportunidade histórica de corrigir os erros do passado e, em vez disso, redobrou os seus esforços para reprimir os direitos humanos", afirmou o diretor adjunto da AI para a África Austral, Khanyo Farisè, num comunicado.
"A natureza cíclica da violência continuará até que haja uma verdadeira vontade política de defender os direitos humanos e acabar com a impunidade. O Governo do Zimbabué deve fazer esforços genuínos para resolver as injustiças do passado", acrescentou.
Num novo relatório publicado hoje, a organização de defesa dos direitos humanos afirma que se regista uma "tendência preocupante para a militarização da polícia e um aumento do uso de força excessiva pelos agentes da autoridade durante os protestos".
Assim, as pessoas que "se manifestam ou organizam protestos" continuam a ser "alvo de perseguição", como nos últimos anos do governo do antigo Presidente Mugabe (1987-2017).
Além disso, o documento critica o aumento do número de ataques contra defensores dos direitos humanos, jornalistas e ativistas.
De acordo com a AI, pelo menos 15 jornalistas relataram ter sido agredidos, detidos ou presos em 2021 por agentes de segurança, apenas por tentarem realizar o seu trabalho.
Tal como aconteceu durante a governação de Mugabe, o Governo do Zimbabué continua a promulgar novas leis que restringem a liberdade de expressão dos cidadãos.
As últimas eleições realizaram-se a 23 e 24 de agosto, após uma campanha marcada por ataques a comícios dos partidos da oposição, perseguições à dissidência e processos judiciais por motivos políticos contra líderes da oposição, de acordo com organizações como a AI e a Human Rights Watch (HRW).
Mnangagwa, que tomou posse para um segundo mandato de cinco anos em 04 de setembro, saiu vencedor, apesar das críticas da oposição de que os resultados oficiais das eleições são fraudulentos.
Mnangagwa preside o Zimbabué desde 2017, quando um golpe militar depôs Mugabe.
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