Azerbaijão acusa MNE de Nagorno-Karabakh de terrorismo

A Procuradoria-Geral do Azerbaijão acusou de terrorismo o ministro dos Negócios Estrangeiros de Nagorno-Karabakh, que se entregou na sexta-feira às autoridades depois da ofensiva lançada este mês pelas forças azeris e que resultou na tomada da região, maioritariamente arménia.

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Lusa
30/09/2023 14:32 ‧ 30/09/2023 por Lusa

Mundo

Nagorno-Karabakh

A Procuradoria-Geral acusa o ministro David Babayán de "planificar, preparar, iniciar e levar a cabo uma guerra de agressão", assim como de "organização de atos terroristas e de violar as normas do Direito Internacional Humanitário" durante os recentes conflitos entre as forças arménias e azeris na região.

Babayán confirmou na sexta-feira, na sua página da rede social Facebook, a intenção de se entregar às autoridades azeris "para deixar de causar mais dano ao nosso povo angustiado".

Horas antes, as autoridades azeris confirmaram também a detenção do ex-ministro da Defesa de Nagorno-Karabakh, Lyova Mnatsakanián, quando este tentava abandonar a zona através do corredor de Lachin, segundo confirmou o serviço estatal de Fronteiras do Azerbaijão.

Mnatsakanián, ministro entre 2015 e 2018, encontra-se neste momento na capital do Azerbaijão, Baku, à mercê das "autoridades competentes, que tomarão uma decisão correspondente", adianta a agência noticiosa azeri, Azertac.

Os serviços de segurança do Azerbaijão informaram também na sexta-feira a detenção do subcomandante das forças de Nagorno-Karabaj, Davit Manukián, por cometer "atos terroristas" e liderar um grupo armado no território da autoproclamada república.

O Governo separatista do Nagorno-Karabakh anunciou na quinta-feira que se vai dissolver e que a república não reconhecida vai deixar de existir até ao dia 01 de janeiro de 2024.

O anúncio foi feito depois de o Azerbaijão ter levado a cabo uma ofensiva militar para recuperar o controlo total da região separatista e ter exigido que as tropas arménias em Nagorno-Karabakh depusessem as armas e o governo separatista se desmantelasse.

Já no início deste mês, o Conselho Europeu tinha alertado para a "rápida deterioração" da situação humanitária na região, tendo apelado ao Azerbaijão e à Arménia para salvaguardar a população e diminuir as tensões.

As duas ex-repúblicas soviéticas do Cáucaso enfrentaram-se em duas guerras, no início dos anos 1990 e em 2020, pelo controlo do enclave de Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa cuja população é maioritariamente arménia e que se separou do Azerbaijão há mais de 30 anos.

No final da curta guerra em que, no outono de 2020, o Azerbaijão recuperou territórios dessa região separatista, Baku e Erevan concluíram um cessar-fogo promovido pela Rússia.

As tensões intensificaram-se este ano, quando Baku anunciou, em 23 de abril, ter instalado um primeiro posto de controlo rodoviário à entrada do corredor de Latchin, único eixo que liga a Arménia ao enclave separatista, já submetido a um embargo que causou escassez de bens de primeira necessidade e cortes de energia elétrica.

Leia Também: Nagorno-Karabakh. ONU acelera esforços para alimentar refugiados

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