"Se o exército sérvio receber uma ordem do Presidente sérvio, na qualidade de comandante-chefe, para entrar no Kosovo, (...) fá-lo-á de forma eficaz e profissional, com sucesso, mas anunciá-lo-íamos antecipadamente à KFor", disse o ministro da Defesa sérvio, Milos Vucevic.
A Sérvia "fará tudo o que estiver ao seu alcance para evitar que os acontecimentos se desenvolvam dessa forma", garantiu o ministro durante uma conferência de imprensa em Belgrado, citado pela agência espanhola EFE.
A KFor é uma força internacional de manutenção de paz liderada pela NATO que está no Kosovo desde 1999, com base numa resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, acusou hoje a Sérvia de ter orquestrado o ataque à aldeia de Banjska em 24 de setembro, em que morreram quatro pessoas, como parte de um plano mais vasto para anexar o norte do Kosovo.
Citando investigações da polícia kosovar com base em documentos apreendidos aos atacantes, o objetivo seria "criar um corredor para a Sérvia" que permitisse "o fornecimento de armas e tropas", disse Kurti, citado pela agência francesa AFP.
Na mesma conferência de imprensa em Belgrado, o chefe do Estado-Maior do exército sérvio, general Milan Mojsilovic, negou um aumento das tropas de combate na fronteira com o Kosovo, denunciado pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE).
Mojsilovic disse que, em 25 de setembro, no dia seguinte ao ataque, o exército tinha 8.350 soldados na zona fronteiriça com o Kosovo, enquanto em crises anteriores, em dezembro de 2022 e em maio deste ano, destacou cerca de 14 mil.
"Na altura, não havia qualquer preocupação, por isso é surpreendente que agora estejam a expressar uma grande preocupação", disse.
Mojsilovic referia-se a comunicados em que Washington e a Comissão Europeia manifestaram preocupação com a acumulação que consideraram sem precedentes de tropas e armas pelo exército sérvio na fronteira do Kosovo e apelaram para que fossem retiradas.
Segundo Mojsilovic, existem atualmente 4.500 militares na fronteira de cinco quilómetros com o Kosovo, o que, segundo disse, corresponde a uma situação normal e regular.
Mojsilovic rejeitou como "militarmente ilógico" que a Sérvia planeasse invadir o Kosovo "com um grupo de 30 combatentes no Kosovo e 4.500 soldados na fronteira".
O general não desmentiu as acusações de Pristina de que os paramilitares teriam sido treinados em instalações do exército sérvio, mas afirmou que "o exército sérvio é uma formação séria, que não improvisa".
Já o ministro da Defesa sérvio considerou que os vídeos apresentados pelas autoridades kosovares como prova de que os atacantes de Banjska tinham sido treinados em solo sérvio "não significam nada".
"São gravações feitas num local desconhecido, com pessoas não identificadas", disse Milos Vucevic.
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