"O Prémio Nobel da Paz reconhece a luta corajosa e nobre das mulheres iranianas que desafiam a opressão", escreveu Ursula von der Leyen na rede social X (antigo Twitter).
A presidente da Comissão Europeia acrescentou que as iranianas "inspiram as mulheres de todo o mundo a defenderem a sua liberdade e os seus direitos".
"Nós estamos convosco. Pelas mulheres, pela vida e pela liberdade", escreveu Ursula von der Leyen, que está em Granada, no sul de Espanha, numa reunião informal do Conselho Europeu.
O Prémio Nobel da Paz 2023 foi hoje atribuído à ativista iraniana Narges Mohammadi pela sua "luta pelas mulheres do Irão contra a opressão", anunciou o Comité Nobel Norueguês.
Segundo o comité, a escolha desta ativista, vice-presidente do Centro de Defensores dos Direitos Humanos, deveu-se também ao combate para "promover os direitos humanos e a liberdade de todos".
O prémio da paz deste ano pretende reconhecer "as centenas de milhares de pessoas que, no ano passado, se manifestaram contra as políticas de discriminação e opressão do regime teocrático do Irão contra as mulheres", explicou o comité norueguês.
"O lema adotado pelos manifestantes -- "Mulher-Vida-Liberdade" -- expressa adequadamente a dedicação e o trabalho de Narges Mohammadi", referiu.
Narges Mohammadi, que está atualmente presa, foi elogiada ainda pela sua "corajosa luta pela liberdade de expressão e pelo direito à independência" que, como reconheceu o Comité do Nobel, "acarretou enormes custos pessoais".
O regime do Irão deteve esta ativista dos direitos humanos 13 vezes, condenou-a cinco vezes e sentenciou-a a um total de 31 anos de prisão e 154 chicotadas.
"O comité do Nobel espera que o Irão liberte a ativista iraniana de direitos humanos Narges Mohammadi, vencedora do Prémio Nobel da Paz de 2023, para receber o seu prémio em dezembro", disse a presidente do Comité Norueguês, Berit Reiss-Andersen, que anunciou o prémio em Oslo.
Em novembro de 2021, Narges Mohammadi foi presa pelas autoridades iranianas depois de ter estado num evento em memória de uma vítima das manifestações de 2019.
Em maio do ano passado, a União Europeia apelou ao Irão para reconsiderar a sentença aplicada a Narges Mohammadi, mas sem sucesso.
Em 2018, Mohammadi, que é engenheira, foi galardoada com o prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, atribuído pelo Parlamento Europeu.
Esta é a 19ª mulher a ganhar o Prémio Nobel da Paz e a segunda iraniana, depois de a ativista de direitos humanos Shirin Ebadi ter recebido o Nobel em 2003.
O Irão viu desenvolver-se, no ano passado, a reivindicação pelos direitos das mulheres, sobretudo depois da morte de uma jovem curda que estava detida pela polícia, Mahsa Amini, de 22 anos.
Masha Amini morreu depois de ter passado três dias sob custódia da polícia, por alegado uso indevido do 'hijab', o véu islâmico, o que constitui uma "violação" ao código de vestuário do país imposto às mulheres.
As primeiras manifestações eclodiram nas localidades curdas do noroeste, em particular em Saghez, cidade natal de Amini, e os protestos generalizaram-se a outras cidades.
A repressão das manifestações foi violenta, tendo causado pelo menos 448 mortes de civis, segundo a organização não-governamental Iran Human Rights, com sede em Oslo.
Cerca de 15 mil pessoas foram presas nas manifestações, duas mil das quais acusadas de vários delitos por participação nos protestos, e pelo menos seis foram condenadas à morte.
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