EUA. Com Trump isolado (e não só), Haley e DeSantis lutam pelo 2.º lugar

Uma margem tão grande desencorajaria qualquer candidato, mas perante a incerteza do futuro do antigo presidente e do partido, um segundo lugar poderá tornar-se em mais do que uma compensação para os dois principais candidatos 'não-Trump'.

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© Mandel Ngan/AFP via Getty Images

Hélio Carvalho
14/11/2023 15:53 ‧ 14/11/2023 por Hélio Carvalho

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Eleições EUA

Não há sondagem praticamente alguma em que Donald Trump, a polémica e omnipresente figura do Partido Republicano, não precise de olhar bem para baixo para encontrar o resto da concorrência. Este fim de semana, o senador Tim Scott tornou-se no mais recente candidato de renome a desistir da corrida às primárias republicanas para a Casa Branca.

Mas, se a sua saída precoce dará alento à campanha do antigo presidente, há outros dois candidatos que procuram aproveitar o vazio eleitoral deixado na corrida à presidência dos Estados Unidos da América.

Poucas horas depois de Scott anunciar a sua desistência (numa entrevista que surpreendeu os próprios funcionários), o governador da Florida, Ron DeSantis, já estava a pedir ao seu comité de finanças da campanha para abordar os doadores que investiram no senador, para tentar reanimar uma candidatura pouco entusiasmante.

Já Nikki Haley, antiga governador da Carolina do Sul e antiga embaixadora nas Nações Unidas, anunciou na segunda-feira que iria investir mais 10 milhões de dólares (cerca de 9,3 milhões de euros) em anúncios nos estados do Iowa e do New Hampshire, duas regiões críticas para as primárias de ambos os partidos antes das eleições gerais em novembro.

As duas jogadas de investimento ilustram uma tendência cada vez mais saliente na campanha do lado republicano. Perante o desafio aparentemente inalcançável de Trump, a maioria está a ficar sem meios e recursos para continuar à tona da água, mas DeSantis e Haley estão a dar o tudo por tudo para levar um segundo lugar e aguentar o suficiente para tornar a convenção interessante.

O primeiro nome de alto gabarito a abandonar a corrida foi Mike Pence, no mês passado, fechando a porta a uma campanha dececionante e que moveu poucos eleitores. No domingo, foi então a vez de Tim Scott, o senador da Carolina do Sul, a admitir que não tem capacidade política nem financeira para continuar. Larry Elder, Perry Johnson, Will Hurd e Francis Suarez são os outros desistentes que nunca tiveram realmente hipóteses de disputar a campanha.

Espera-se que o governador do Dakota do Norte, Doug Burgum, e o antigo governador do Arkansas, Asa Hutchinson, sejam os próximos a retirar o seu nome da disputa, após não atingirem o mínimo requerido nas sondagens para entrarem no debate de dezembro. Já Chris Christie, antigo governador de Nova Jérsia, e o empresário bilionário ultraliberal Vivek Ramaswany continuam na luta, embora ambas as campanhas tenham caído drasticamente após o início dos debates.

O cenário antevê, então, uma corrida praticamente a dois entre Nikki Haley e Ron DeSantis para ver quem fica atrás de Donald Trump nas intenções de voto dos conservadores norte-americanos. Segundo uma sondagem da NBC News/Des Moines Register/Meadiacom, os apoiantes de Tim Scott vão dividir os seus 7% de forma praticamente igual pelos três principais candidatos; e a mesma emissora avançou, junto da campanha de Chris Christe, que os seus próprios funcionários estão à espera que este desista para dar um apoio fundamental a um dos dois candidatos (sendo que Christie é um dos maiores críticos de Trump dentro do partido).

Trump continua bem isolado na frente, despreocupado com o resto dos candidatos enquanto enfrenta uma enxurrada de processos na justiça. Segundo o agregador de sondagens do conceituado site FiveThirtyEight, o ex-presidente tem uma liderança média nacional de 56,8%.

Ambos têm também dinheiro suficiente para aguentarem as suas campanhas durante mais tempo - e convém não desvalorizar a questão financeira, já que uma campanha nacional norte-americana exige centenas de milhões de euros, milhares de doadores, para atingir uma presença mediática fortíssima.

DeSantis tem voltado a conquistar alguns doadores, apesar de ter gastado bastante dinheiro no início da corrida e de uma queda dececionante para os 14% nacionais, sendo que o governador da Florida chegou a ser uma das maiores esperanças dos eleitores conservadores para retomar a Casa Branca. Já Haley mantém-se abaixo dos 10% na maioria das sondagens nacionais (8,7% pelo FiveThirtyEight), mas começa a aproximar-se de DeSantis em sondagens estatais e, na mais recente inquérito da NBC News, já aparece em segundo no Iowa e na Carolina do Sul.

E Haley tem ainda outro dado a favor. Segundo uma sondagem do New York Times/Siena College, a antiga embaixadora derrotaria Biden numa eleição nacional por uma margem maior do que os outros republicanos, incluindo Trump, que conquista o seu partido mas reflete pouco os seus valores nos indecisos e moderados. A mesma sondagem pinta um cenário de grande desvantagem do atual presidente contra Trump em estados críticos.

Tudo isto decorre perante um sentimento generalizado de incerteza em torno do antigo presidente, mais concretamente sobre o seu futuro na justiça. Desconhece-se se, em novembro de 2024, Donald Trump poderá ser sequer candidato à Casa Branca, dada a quantidade de acusações graves que o envolvem. Até lá, a corrida continua e Haley e DeSantis prosseguem à espera por um inesperado escorregão de Trump, seja ele na corrida ou nos tribunais.

Leia Também: Trump à frente nas sondagens mas justiça pode prejudicá-lo

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