Segundo reporta hoje a agência noticiosa France-Presse (AFP), o Paquistão calcula que perde milhões de dólares em impostos sobre as mercadorias que passam pelos seus portos para o Afeganistão, que não tem acesso ao mar, porque estas são frequentemente contrabandeadas de volta através da fronteira terrestre.
As autoridades afegãs acusam o Governo paquistanês de ter bloqueado em Karachi mais de 3.000 contentores destinados ao Afeganistão, exigindo o pagamento de impostos adicionais, o que já causou perdas estimadas em milhões de dólares aos comerciantes afegãos.
A questão foi levantada hoje durante uma reunião em Islamabade entre o ministro dos Negócios Estrangeiros do Paquistão, Jalil Abbas Jilani, e o ministro da Indústria e Comércio do Afeganistão, Nooruddin Azizi.
Os dois funcionários discutiram "problemas de trânsito e desafios para os dois países", disse a embaixada afegã em Islamabade num comunicado de imprensa.
"Centenas destes contentores estão bloqueados há meses e alguns há mais de um ano. As mercadorias no interior estão danificadas e os comerciantes estão a sofrer prejuízos", disse à AFP um funcionário do consulado afegão em Peshawar, sob condição de anonimato.
Este conflito comercial é apenas um dos muitos desacordos entre os dois países desde o regresso dos talibãs ao poder no Afeganistão, em agosto de 2021.
Em outubro, o Governo paquistanês lançou um ultimato aos cerca de 1,7 milhões de afegãos que, sustenta, vivem ilegalmente no país, para que regressem voluntariamente a casa até 01 de novembro, após o que seriam deportados.
Segundo fontes oficiais paquistanesas, desde o início de outubro, mais de 300.000 afegãos deixaram o Paquistão para regressar ao Afeganistão.
O Paquistão insiste que a grande maioria destas pessoas regressou voluntariamente, enquanto o governo afegão considera que foram forçadas a partir.
Milhões de afegãos afluíram ao Paquistão durante décadas de guerra, incluindo pelo menos 600.000 desde que os talibãs regressaram ao poder, tornando-o um dos maiores países de acolhimento de refugiados do mundo.
Com esta medida, o governo paquistanês afirmou estar a tentar salvaguardar a segurança do país após um aumento acentuado de ataques no seu território, que Islamabade atribui a grupos terroristas com base no Afeganistão.
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