Após confrontos, Serra Leoa retoma atividades (com recolher à noite)

A maioria das atividades foram hoje retomadas na capital da Serra Leoa, Freetown, onde confrontos armados levaram o Governo a decretar um recolher obrigatório nacional no domingo, que foi temporariamente levantado esta manhã, segundo o Ministério da Comunicação.

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© SAIDU BAH/AFP via Getty Images

Lusa
27/11/2023 14:43 ‧ 27/11/2023 por Lusa

Mundo

Serra Leoa

O recolher obrigatório será agora imposto das 21:00 às 06:00 (horas locais), a partir de hoje à noite, até nova ordem, anunciou o Ministério da Comunicação.

"Encorajamos os nossos cidadãos a retomar as suas atividades normais (...), mas continuamos a pedir-lhes que mantenham a calma e a vigilância e que comuniquem qualquer comportamento suspeito ou invulgar à esquadra de polícia mais próxima", declarou o ministério da Serra Leoa.

Algumas lojas e bancos estavam abertos e o trânsito, que tinha sido completamente interrompido no domingo, foi retomado, segundo informou a agência noticiosa France-Presse (AFP). No entanto, as escolas permaneciam hoje encerradas.

Foram instalados postos de controlo nas estradas principais, onde os membros das forças de segurança revistam os veículos.

No domingo, Freetown assistiu, durante várias horas, a confrontos armados entre as forças de segurança e assaltantes desconhecidos que tentaram entrar num arsenal militar durante a noite.

A prisão central e outros estabelecimentos prisionais foram invadidos e dezenas de reclusos alegadamente fugiram.

O Presidente, Julius Maada Bio, foi à televisão estatal ao fim da tarde para declarar que "a calma [tinha] sido restabelecida", que a provação tinha "sido ultrapassada" e que a maioria dos responsáveis tinha sido detida.

O Presidente referiu a "motivação política dos instigadores" e frisou "uma tentativa de minar a paz e a estabilidade [do país]".

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), de que a Serra Leoa é membro, referiu-se a uma tentativa de "perturbar a paz e a ordem constitucional".

Não foi oficialmente divulgado o número de vítimas da violência, nem qualquer informação sobre as pessoas detidas.

Nas redes sociais é apontado, com fotografias, um antigo guarda-costas do ex-Presidente Ernest Bai Koroma (2007-2018) como um dos participantes na operação e que terá sido morto pelas forças de segurança.

O antigo Presidente declarou, em comunicado, que um soldado da sua guarda, o cabo Eddie Conteh, tinha sido morto a tiro à queima-roupa na sua residência e que um outro tinha sido raptado. Condenou "firmemente" os ataques à segurança do Estado e apelou à calma e ao restabelecimento da ordem.

Julius Maada Bio, eleito pela primeira vez em 2018, foi reeleito em junho na primeira volta, com 56,17% dos votos, de acordo com os resultados publicados pela comissão eleitoral.

O principal partido da oposição, o Partido do Congresso de Todo o Povo, considerou que as eleições foram manipuladas e o país viveu vários meses em crise política antes de ser alcançado um acordo em outubro entre o Governo e a oposição, sob a mediação da Commonwealth, da União Africana e da CEDEAO.

A Serra Leoa, um dos países mais pobres do mundo, enfrenta também grandes dificuldades económicas.

Leia Também: Forças de segurança da Serra Leoa afirmam ter repelido grupo armado

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