Entre 60 e 70% da fortuna não declarada do antigo presidente foi-lhe entregue pelo seu sucessor no poder, afirmou Aziz na sua última audição perante os juízes.
O julgamento, o primeiro do género na história da Mauritânia, em que estão também a ser julgados uma dezena de antigos colaboradores próximos ou familiares de Abdel Aziz, teve início em janeiro de 2023.
Ould Abdel Aziz disse ao tribunal que Ghazouani o procurou e lhe entregou pessoalmente, na noite de 2 de agosto de 2019, duas caixas cheias de notas.
Segundo o ex-presidente, uma das caixas continha 5,5 milhões de dólares (cerca de 5 milhões de euros) e a outra 5 milhões de euros.
Abdel Aziz sublinhou que disse ao atual presidente que isso não se justificava, mas o seu interlocutor respondeu dizendo que guardava somas maiores.
O antigo presidente acrescentou que o diretor de logística da última campanha eleitoral presidencial lhe disse que Ghazouani lhe tinha ordenado que entregasse 50 novas viaturas Toyota Hilux.
O ex-presidente afirmou que a direção desta campanha tinha encomendado 100 veículos ao estrangeiro, mas que estes só chegaram depois das eleições.
"Não queria revelar esta informação, que guardei até ao último momento", justificou-se Abdel Aziz perante os juízes, explicando que o tinha feito a conselho dos seus advogados.
O veredito do julgamento está previsto para dezembro.
O Ministério Público pediu 20 anos de cadeia para o antigo presidente e 10 anos para os seus colaboradores mais próximos.
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