Greta reitera apoio à Palestina: "Não há justiça climática sem direitos"

A ativista climática e a organização da qual faz parte na Suécia deixou claro que o movimento climático "foi sempre político", argumentando que a luta contra governos e grupos que perpetuam a crise climática não difere da luta contra imperialismos e autoritarismos.

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© Carlos Jasso/Bloomberg via Getty Images

Notícias ao Minuto
05/12/2023 13:20 ‧ 05/12/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Faixa de Gaza

A ativista sueca Greta Thunberg e o movimento Fridays for Future, o movimento pela justiça climática criado por Thunberg e que se espalhou por todo o mundo, reiteraram esta terça-feira que apoiam a luta pela libertação do povo palestiniano e um cessar-fogo na Faixa de Gaza, deixando claro que os ativistas climáticos não devem ser "apolíticos" no tema pois lutar por uma maior justiça climática é, inerentemente, um ato político.

As declarações surgem num artigo de opinião assinado por Thunberg e por elementos do movimento na Suécia, publicados no diário sueco Aftonbladet e no britânico The Guardian, após críticas por parte de alguns ativistas contra a sueca por esta manifestar-se a favor da Palestina em manifestações. Houve mesmo uma tentativa de silenciar Thunberg em palco em Amesterdão, quando um homem tentou tirar-lhe o microfone e disse que o protesto era "climático e não político".

Os ativistas afirmaram que o movimento Fridays for Future "não se 'radicalizou' nem 'tornou-se político'" porque, na sua génese, será sempre um movimento político e em defesa de povos desfavorecidos e discriminados.

"Lutar pela justiça climática vem fundamentalmente de um sítio de carinho pelas pessoas e pelos seus direitos humanos. Isto significa falar pelas pessoas que sofrem, que são forçadas a fugir das suas casas ou que são mortas-  independentemente do porquê. É a mesma razão que nos levou a mostrar solidariedade por grupos marginalizados - incluindo em Sápmi, Curdistão, Ucrânia e muitos outros lugares - e pelas suas causas por justiça contra o imperialismo e a opressão. A nossa solidariedade com a Palestina não é diferente, e recusamos deixar que o foco do público abandone o sofrimento humano horrível que os palestinianos estão a enfrentar", vincaram os ativistas.

No mesmo comunicado, denominado 'Não vamos parar de falar do sofrimento de Gaza - não há justiça climática sem direitos humanos', Greta Thunberg e outros três ativistas - Alde Nilsson, Jamie Mater e Raquel Frescia - apontaram que condenam os "ataques horrendos" do Hamas mas, à semelhança do que disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apontaram que a resposta israelita é um ato "genocida" e "não pode ser ignorado que isto surge no contexto amplo de palestinianos viverem sob uma opressão sufocante durante décadas".

"Exigir um fim a esta violência inusitada é uma questão de humanidade básica e devemos apelar a todos que o façam. Silêncio é cumplicidade. Não se pode ser neutro num genocídio em andamento", remataram.

O movimento climático Fridays for Future - que em Portugal é representado pela Greve Climática Estudantil - tem sido criticado em alguns países, não só devido aos seus protestos disruptivos que procuram alertar para a urgência de medidas mais ambiciosas para combater a crise climática, mas também pela sua defesa da Palestina. Na Alemanha, onde apoiar a Palestina e exibir uma bandeira palestiniana pode resultar em avisos da polícia, despedimento e acusações de antissemitismo, vários políticos exigiram que o movimento climático alemão se afastasse das organizações climáticas internacionais que peçam o fim da violência na Faixa de Gaza.

Leia Também: Homem invade palco e 'rouba' microfone a Greta Thunberg em discurso. Veja

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