Com a saúde frágil, Mohammadi, uma feroz opositora da obrigatoriedade de as mulheres usarem o 'hijab' (véu islâmico) e da pena de morte no Irão, deixou de comer no domingo, dia em que foi realizada a cerimónia do Nobel em Oslo, onde foi representada pelos seus filhos gémeos de 17 anos, Ali e Kiana.
Não está claro se a sua greve de fome continua ou se foi uma ação pontual.
"Nós, como filhos, estamos obviamente muito preocupados", disse hoje Ali, numa conferência de imprensa realizada após uma reunião com o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store.
"Talvez ela esteja no hospital agora", acrescentou a sua irmã, Kiana.
Os filhos de Narges Mohammadu não veem a mãe desde que partiram para o exílio na França, em 2015, e não conseguem falar-lhe há cerca de 21 meses.
Presa e condenada diversas vezes nas últimas décadas, a ativista, de 51 anos, está detida na prisão de Evin, em Teerão, desde 2021.
A greve de fome, iniciada durante a entrega do seu Prémio Nobel da Paz teve, segundo a família, o objetivo de mostrar solidariedade para com a comunidade Bahai, a maior minoria religiosa do Irão, que afirma ser vítima de discriminação em muitas partes do país.
"Fez isso para mostrar apoio, [porque, embora] não esteja na connosco na Noruega, está ciente da situação e fará sempre tudo pelos direitos das mulheres e pela democracia no Irão", acrescentou hoje Kiana.
Galardoada com o Prémio Nobel em outubro pela "sua luta contra a opressão das mulheres no Irão e pela luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos", Narges Mohammadi é uma das principais caras da revolta "Mulheres, Vida, Liberdade" no Irão.
Este movimento foi desencadeado pela morte, no ano passado, de uma curda iraniana de 22 anos, Mahsa Amini, durante a sua detenção numa prisão em Teerão por não cumprir o rigoroso código de uso de vestuário islâmico, que inclui um véu a tapar todo o cabelo.
No início de novembro, Mohammadi também cumpriu uma greve de fome durante alguns dias para obter o direito de ser transferida para um hospital sem cobrir a cabeça.
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