Ferido pelo Hamas, Israel promete levar vingança em Gaza até ao fim

Um ataque terrorista do Hamas em 07 de outubro colocou Israel em estado de guerra, desencadeando uma violenta retaliação contra o movimento islamita palestiniano na Faixa de Gaza que a comunidade internacional não consegue travar.

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Lusa
16/12/2023 10:08 ‧ 16/12/2023 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

Segundo as autoridades locais, cerca de 19 mil pessoas, 70% dos quais mulheres, adolescentes e crianças, morreram em resultado dos bombardeamentos israelitas seguidos de invasão terrestre no enclave controlado pelo Hamas, a que se somam milhares de desaparecidos e cerca de 1,9 de milhões de deslocados, de acordo com a ONU, que relata um território privado de água, comida, medicamentos, energia e comunicações e em colapso.

Num quadro de devastação que o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, descreveu como apocalíptico e superior à Alemanha pós-guerra, Israel garante que vai prosseguir a sua ofensiva, com ou sem apoio internacional, até eliminar o Hamas e a sua rede de túneis, uma missão que o ministro da Defesa, Yoav Gallant, admite que pode levar "mais do que alguns meses".

A determinação de Telavive não foi moderada por uma resolução não vinculativa aprovada por uma maioria esmagadora da Assembleia-Geral da ONU a exigir um cessar-fogo humanitário imediato, após o Conselho de Segurança ter falhado uma decisão no mesmo sentido, graças ao veto dos Estados Unidos.

A reunião do Conselho de Segurança foi pedida pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que, pela terceira vez na história da organização, invocou o instrumento mais poderoso à sua disposição - o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas -- para o efeito.

O líder da ONU já tinha denunciado repetidamente a situação catastrófica no território, declarando que "Gaza é um cemitério de crianças", o que levou Telavive a questionar a sua imparcialidade e a pedir a sua demissão.

Apesar do veto e de apoiar a ofensiva israelita, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou que Telavive está a perder o apoio internacional devido aos seus "bombardeamentos indiscriminados" e criticou o executivo chefiado por Benjamin Netanyahu por ser "o mais conservador da história" do Estado judaico.

Por outro lado, o primeiro-ministro israelita reconheceu que há um desacordo com o seu principal aliado sobre o futuro da Faixa de Gaza, já que Israel rejeita a proposta dos Estados Unidos para que a Autoridade Palestiniana, que governa pequenas partes da Cisjordânia ocupada, assuma o controlo do enclave após a guerra iniciada com o ataque surpresa do Hamas.

Às primeiras horas de 07 de outubro, três mil combatentes do Hamas infiltram-se por terra, mar e ar no sul de Israel, atacando em simultâneo o território israelita com milhares de 'rockets' e 'drones'.

Quase sem resistência, os homens do Hamas massacraram comunidades ('kibutz') localizadas perto do pequeno enclave e irromperam pelo recinto de um festival de música e por bases militares, transmitindo 'online' o seu desfile de violência e crueldade, que deixou, segundo as autoridades israelitas, 1.200 mortos e mais de 200 reféns levados para a Faixa de Gaza.

Os israelitas despertaram naquele sábado de 'Shabat' e feriado em choque e incrédulos com o maior ataque de sempre no seu território e com o clamoroso falhanço das forças de segurança e do já débil Governo radical de Netanyahu, que no mesmo dia lançou a operação "Espada de Ferro" com três objetivos: garantir a segurança de Israel, recuperar os reféns e exterminar o Hamas.

A brutalidade do conflito ultrapassou fronteiras em manifestações de sinal contrário em todo o mundo e frequentemente acompanhadas de expressões antissemitas ou islamofóbicas, a par das movimentações diplomáticas das principais potências, a começar pelos Estados Unidos, maior aliado de Telavive, e dos atores regionais no mundo árabe, Turquia e Irão e ainda as milícias do chamada "Eixo da Resistência", incluindo o grupo xiita libanês Hezbollah e os iemenitas Huthis, que visam regularmente Israel com os seus 'drones' e mísseis.

A pressão internacional conduziu a uma trégua de quatro dias renováveis até dez, com início em 24 de novembro, mas que durou apenas uma semana. Nesse período, o acordo, mediado por Qatar, Egito e Estados Unidos, permitiu a libertação de 105 reféns israelitas e estrangeiros em troca de 240 prisioneiros palestinianos, todos mulheres e menores, e a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

No primeiro dia de dezembro, o panorama voltou à casa de partida, com as forças israelitas a alargarem a sua ofensiva para o sul do território, onde todos os locais se tornaram inseguros.

Com 2023 a chegar ao fim, o conflito traz incógnitas sobre o seu desfecho e o destino dos cerca de 130 reféns ainda em cativeiro, o futuro da Faixa de Gaza, do Hamas e do próprio Netanyahu, além da questão de fundo sobre o estatuto da Palestina.

Leia Também: Dezenas de mortos e feridos devido a bombardeamentos israelitas em Gaza

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