A CEDEAO reconheceu pela primeira vez a liderança militar na semana passada e prometeu negociar com a junta militar um regresso rápido à normalidade democrática, mas mantendo as sanções económicas impostas depois do golpe de Estado de julho.?????? O chefe da junta militar, Abdourahmane Tchiani, num discurso publicado na página da junta na rede social X (antigo Twitter), considera que a CEDEAO e a União Económica e Monetária da África Ocidental impuseram sanções "injustificadas, cínicas, iníquas, criminosas, desumanas e irresponsáveis" para "pôr o país de joelhos" e "trazê-lo de volta ao seio do regime deposto e da França".
"Estas organizações não sabem que estão a enfrentar um povo guerreiro", disse, acrescentando que o povo nigerino "tomou o seu destino nas suas próprias mãos" e que não aceitam "chantagens nem intimidações".
Tchiani reiterou que a junta se comprometeu a convocar "um Fórum Nacional Inclusivo" para "fazer um diagnóstico da situação do país, fruto da má governação dos regimes anteriores", e "o Fórum irá propor as reformas necessárias para o futuro, com um 'roteiro' para a transição e um programa estratégico de ações para a refundação do Estado".
Este fórum será convocado "em breve" para combater "o flagelo generalizado da corrupção", que, nas suas palavras, é "uma das causas" que levaram o exército a "assumir as suas responsabilidades para pôr fim ao regime" do presidente deposto, Mohamed Bazoum.
"Farei tudo o que for possível para garantir o progresso, a segurança, o desenvolvimento e a coesão social no país", afirmou.
Para Tchiani, o Níger "ficou refém de políticos que tentaram transformar a política num mercado, sem respeitar os mínimos de ética e deontologia consagrados nos textos da República".
Para o atual chefe de Estado, os governos antigos foram incapazes de lidar "com os desafios de segurança", uma vez que os ataques, nos últimos anos, de grupos terroristas com ligações à Al-Qaida, o Estado Islâmico e o Boko Haram aumentaram.
Este aniversário da independência do Níger decorre "num momento de profundas mudanças geopolíticas na África Ocidental", na sequência de "mudanças de regime nos países do Sahel", referiu.
"Esta dinâmica foi acompanhada por um forte apoio popular que levou não só a uma revisão da governação económica e financeira a nível interno, mas também das relações com o antigo país colonizador, a França", explicou.
"Foi neste contexto que denunciámos certos acordos que justificavam a presença de tropas francesas no Níger, bem como acordos que eram injustos. Esta dinâmica permitiu-nos implementar uma estratégia global de defesa, de luta contra o terrorismo e contra toda a agressão, qualquer que seja a sua forma", disse.
Neste seguimento, congratulou o acordo com as juntas militares do Burkina Faso e do Mali para a criação da Aliança dos Estados do Sahel, com o objetivo de tornar a região "uma zona de paz e de prosperidade".
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