A Organização não-governamental (ONG) de direitos humanos, sediada em Nova Iorque, indica num relatório hoje divulgado que milhares de trabalhadores palestinianos permanecem bloqueados na Cisjordânia ocupada sem uma estatuto legal e muito vulneráveis a um eventual detenção.
Os trabalhadores presos após 07 de outubro, quando o Hamas efetuou um ataque sem precedentes a território israelita a partir da Faixa de Gaza, permanecem em centros de detenção em Israel e na Cisjordânia ocupada, com alguns a serem interrogados por alegadas ligações, um conhecimento dos ataques.
O texto assinala que, em 03 de novembro, cerca de 3.000 trabalhadores palestinianos foram soltos e transferidos para Gaza, e exorta as autoridades israelitas a revelarem o número total de trabalhadores de Gaza que estavam em Israel em 07 de outubro, ou o número de trabalhadores que foram detidos ou permanecem detidos. As autoridades israelitas também não indicaram se diversos destes trabalhadores de Gaza estavam acusados de qualquer crime.
"As autoridades israelitas prenderam milhares de trabalhadores sem qualquer acusação e mantiveram-nos incomunicáveis, com pelo menos alguns sujeitos a humilhantes maus-tratos", refere Michelle Randhawa, responsável pelos direitos dos refugiados e migrantes na HRW.
"A busca dos participantes e responsáveis pelos ataques de 07 de outubro não justifica o abuso de trabalhadores que tinham uma permissão para trabalhar em Israel".
O ataque do braço armado do movimento islamita palestiniano em 07 de outubro provocou 1.200 mortos, na maioria civis, de acordo com as autoridades israelitas.
Na sequência da resposta militar de Israel, e de acordo com as autoridades da Faixa de Gaza onde governa o Hamas, pelo menos 22.000 palestinianos foram mortos, incluindo mais de 8.500 crianças.
Em 07 de outubro, cerca de 18.500 trabalhadores de Gaza possuíam licença de trabalho em Israel, apesar de não ser claro quantos se encontravam em Israel nesse dia. Para obter esta autorização, os requerentes de Gaza são submetidos a estritas avaliações de segurança.
A HRW recolheu testemunhos de quatro trabalhadores de Gaza detidos pelas autoridades israelitas após 07 de outubro, com três incluídos num pequeno grupo libertado na Cisjordânia e o quarto libertado em 03 de novembro e regressado a Gaza.
Todos os seus testemunhos confirmam humilhações, maus-tratos, insultos, ameaças de morte. Um dos detidos que trabalhava em Rahat indicou que foi detido com outros trabalhadores e enviado para a esquadra da polícia em Rahat em 09 de outubro, vendado e algemado atrás das costas.
Em 09 de novembro, o Governo de Israel publicou um regulamento de emergência sobre "detenção e deportação de residentes ilegais [de Gaza]". O regulamento, prossegue a HRW, indica que os trabalhadores de Gaza deixaram de possuir uma base legal para permanecer em Israel -- pelo facto de as autoridades israelitas terem cancelado as suas autorizações de trabalho -- e que seriam mantidos sob prisão até à sua expulsão.
"As autoridades de Israel devem revelar quantos trabalhadores de Gaza estavam em Israel em 07 de outubro, quantos foram detidos, quantos permanecem em detenção e a justificação para a sua detenção", frisa Michelle Randhawa. "Deveriam investigar os relatórios dos abusos cometidos sob detenção e assegurar um tratamento humano para todos os detidos".
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