Suspensão de financiamento à UNRWA é "golpe devastador"
A Amnistia Internacional alertou que a decisão de suspender o financiamento da UNRWA por alegado envolvimento de elementos deste organismo nos ataques de outubro do Hamas contra Israel "será um golpe devastador" para mais de dois milhões de refugiados.
© JAAFAR ASHTIYEH/AFP via Getty Images
Mundo Amnistia Internacional
Em comunicado, a organização não-governamental de defesa de direitos humanos considerou que a decisão de suspender o financiamento da Agência das Nações Unidas de Apoio aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA) será um "golpe devastador" para refugiados na Faixa de Gaza, uma vez que é a sua "única tábua de salvação".
Foi ainda lançado um apelo aos países para "reverterem as suas decisões", tendo a secretária-geral da ONG, Agnès Callamard, argumentado que os refugiados já "enfrentam o risco de genocídio e de uma fome provocada" e recordado a recente conclusão do Tribunal Internacional de Justiça de que a sua "sobrevivência na Faixa de Gaza está em risco".
A responsável defendeu que as acusações devem ser investigadas de forma independente e notou que "alguns dos mesmos governos que anunciaram o corte de fundos à UNRWA (...) continuaram, entretanto, a armar as forças israelitas, apesar das provas irrefutáveis de que estas armas são utilizadas para cometer crimes de guerra e graves violações dos direitos humanos".
Dezasseis países suspenderam as suas contribuições depois de ter sido revelado que até doze trabalhadores da UNRWA podem ter participado no ataque das milícias palestinianas em território israelita, em 07 de outubro.
Os Estados Unidos foram o primeiro a tomar esta medida, seguido pelo Canadá, Reino Unido, Austrália, Finlândia, Países Baixos, Áustria, Alemanha, Itália, França, Suíça, Roménia e Japão, como bem como os três países bálticos.
Por seu lado, a Comissão Europeia (CE) adiantou que tomará as próximas decisões à luz da investigação iniciada a este caso pela ONU.
Dos outros grandes doadores - com contribuições superiores a 10 milhões de dólares por ano - apenas a Espanha, a Noruega, a Suécia, a Dinamarca e a Bélgica mantêm as suas contribuições, tal como a Arábia Saudita, o Qatar e o Kuwait, que não adotaram medidas imediatas, embora continuem atentos aos resultados das investigações abertas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu à comunidade internacional que não suspenda o seu apoio à agência, uma vez que "os alegados atos horrendos destes funcionários devem ter consequências", mas também há "dezenas de milhares de pessoas", cerca de 30 mil, que trabalham e que não devem ser penalizados.
Este pedido foi apoiado por vinte das mais importantes ONG humanitárias, que alertam que se estas suspensões não forem revertidas poderá ocorrer "um colapso completo da já restrita resposta humanitária em Gaza".
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, cancelou uma reunião com o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, e apelou à sua demissão por alegado apoio ao terrorismo.
O grupo islamita Hamas atacou Israel em 07 de outubro, provocando a morte de mais de 1.200 israelitas e raptaram cerca de duas centenas de pessoas, segundo as autoridades israelitas.
Israel declarou guerra ao Hamas e, desde então, lançou uma ofensiva aérea, marítima e terrestre contra a Faixa de Gaza que provocou mais de 26.400 mortos, segundo dados do grupo islamita palestiniano.
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