A ministra dos Negócios Estrangeiros australiana acrescentou não ter ainda resposta de Israel, numa entrevista concedida na quinta-feira à noite à emissora pública ABC.
"Não, não as temos [as provas]. Falámos com os israelitas e pedimos mais provas", respondeu Penny Wong.
A responsável admitiu só ter falado com o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, na quarta-feira, semanas depois de Camberra ter congelado o financiamento à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinianos no Médio Oriente (UNRWA), depois de terem surgido alegações de que 12 dos funcionários tinham ligações ao Hamas e podem ter estado envolvidos nos ataques de 07 de outubro contra Israel.
Estas acusações levaram ainda outros países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Suíça e Alemanha, a suspender o financiamento da UNRWA.
Apesar disso, Wong afirmou que as alegações de Israel contra a agência da ONU "são sérias" e observou que a própria UNRWA avançou com uma investigação, depois de ter demitido vários funcionários.
"Penso que as próprias ações da UNRWA deixam claro que levam estas alegações a sério", afirmou.
Na semana passada, Wong deu a entender que a Austrália podia em breve restaurar o financiamento à agência, enquanto a UNRWA e a ONU alertaram, nos últimos dias, para um possível colapso do funcionamento se a agência continuar sem recursos.
No domingo, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, já tinha indicado que o Governo "estava a examinar" as alegações para resolver o impasse o mais rapidamente possível e possivelmente retomar o financiamento.
A suspensão do financiamento por parte de cerca de 20 países surgiu depois de Israel ter afirmado que uma dúzia de trabalhadores da agência humanitária estavam envolvidos no ataque terrorista do Hamas, a 07 de outubro, no qual morreram cerca de 1.200 israelitas.
No entanto, a televisão Channel 4 lançou dúvidas sobre estas acusações, citando documentos oficiais que não forneciam "nenhuma prova" para apoiar as alegações.
Com mais de 30 mil funcionários, a UNRWA é a maior organização em Gaza fora do governo da Faixa, que está, desde 2007, sob o controlo do Hamas, organização considerada terrorista por vários países, incluindo UE, Estados Unidos e Israel.
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